sábado, 20 de abril de 2013

Catas, Máximas e Sentenças

Cartas, Máximas de Sentenças de Epicuro


Como viver? Qual o propósito da vida? Que fazemos aqui no mundo? Perguntas eternas que ao longo dos séculos tiveram respostas diversas e contraditórias, todas discutíveis, todas de algum modo insatisfatórias. Umas logo refutadas, outras resistentes ao tempo e à reflexão adversa. Umas terreno fértil onde se multiplicam e florescem as ramificações, outras solo árido e seco sem descendência.

Na Grécia antiga, Epicuro reflectindo no seu Jardim ensinou-nos que a vida merece ser vivida livre de dor corporal e de terrores espirituais. E que o caminho para essa vida tranquila assenta na compreensão do papel dos deuses, da morte e da determinação e do acaso.

Sobre os deuses diz-nos que existem, que levam uma vida bem-aventurada mas totalmente afastada dos assuntos humanos em que não intervêm. Não há que contar com eles nem para o mal, não são eles que provocam as catástrofes naturais, políticas ou pessoais, nem para o bem, já que não ouvem as nossas preces. Eles existem mas não têm qualquer influência na nossa existência.

A morte explica é a ausência de sensações. Sem sensações não há dor, não há sofrimento. Na morte a alma sai do corpo e os seus átomos dispersam-se pelo universo. Nada há a temer, pois enquanto vivemos a morte não está presente e depois de mortos somos nós que não estamos presentes. Assim a morte não é nada para nós. Nunca a experimentaremos. Esta concepção nega a imortalidade e vê na morte o final absoluto da vida humana.

Os fenómenos na natureza, os ciclones, as secas, as tempestades, não são causadas por forças divinas, mas por causas físicas cuja explicação lógica será encontrada (e foi-o de facto) pelo seu estudo. No entanto recusa o determinismo absoluto, defendendo, com toda a sensatez, que o destino humano é fruto da tripla acção da necessidade, do acaso e dos seus próprios actos.

O Homem armado com este conhecimento pode levar uma vida feliz, tranquila e sóbria, desfrutando os prazeres autênticos, livre de dor física e principalmente dos terrores da alma.

Um autor frutífero cuja obra se perdeu na quase totalidade mas de quem os textos sobreviventes são indispensáveis para percebermos o mundo em que vivemos.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Orlando - uma biografia

Orlando - uma biografia por Virginia Woolf

A Inglaterra através dos tempos, desde o período isabelino ao período entre guerras do século XX vistos por um biógrafo de um membro da alta nobreza.

Como num filme ritmado vemos a transformação primeiro lenta mas depois crescentemente acelerada, mas sempre nítida e finamente desenhada, da moral e dos costumes, dos meios matérias de vida como os transportes, o mobiliário e os trajes, das ideias filosóficas e literárias.

A busca da felicidade e do sentido da vida leva o jovem Orlando em direcções diversas e surpreendentes ao longo da sua vida secular, mudando de sexo, vivendo no seio de uma tribo cigana, escrevendo obras-primas da poesia, casando-se com um aventureiro.

Orlando a eterna jovem, a imortal, viajando docemente através dos tempos, com a sua inteligência viva, com as suas maneiras suaves mas determinadas, fundindo-se com o espírito dos tempos sem perder a sua individualidade, sem comprometer a sua alma, a sua inquietação e a procura das respostas fundamentais ao desafio da vida, é a Humanidade, o ser humano na sua caminhada através da História.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

O Grande Gatsby

O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald


Nos loucos anos 20 nos EUA todas as formas licitas e ilícitas serviam para fazer fortuna, a economia crescia, o dinheiro desaguava abundantemente, ao ritmo da especulação, nos bolsos dos grupos sociais no topo da pirâmide. A América corria sem o saber, nem o sentir para a Sexta-feira negra e para a Grande Depressão.

A dissipação, a ociosidade, as festas, as amantes são os interesses desta classe de ricos americanos que deambulam pelo planeta ao sabor de caprichos e de modas sem se deterem muito tempo em cada lugar. Sabendo-se intocáveis pela sua riqueza vão destruindo irresponsavelmente as vidas dos outros.

Um homem determinado vai subir rapidamente a escala social sem olhar a meios, por amor à sua antiga namorada rica, entretanto casada, mas que ele nunca esqueceu. Por ela assume um crime que não cometeu e que acaba pagar com a própria vida.

Um retrato preciso, desencantado e crítico, das classes superiores norte-americanas do pós-primeira grande guerra vistas por dentro com um misto de admiração e repulsa por alguém como o próprio Fitzgerald vindo de fora.