terça-feira, 28 de julho de 2015

Otelo



Otelo por William Shakespeare


Uma das mais emblemáticas peças dramatúrgicas de William Shakespeare considerado, por muitos, o maior escritor inglês de todos os tempos.

Pode, quando se ama loucamente, a insidiosa maledicência, feita de subentendidos e muita insistência, mesmo na completa ausência de provas fazer lentamente desabrochar no coração humano, primeiro como dúvida mas depois como certeza inabalável, o mais terrível de todos os sentimentos: o ciúme feroz que tudo destrói?

Pode um guerreiro experimentado, um general calejado, um homem maduro, deixar-se enganar por um vil ladrão, carreirista e alcoviteiro sem nada suspeitar, sem duvidar do mentiroso e, dando-lhe ouvidos por em causa a amizade e a lealdade do seu bravo, fiel e leal Tenente que tantas provas de afeição lhe dera no passado recente?

Pode um homem ser tão mau que, movido pela ambição, pela ganância e pela inveja, sacrifique vidas inocentes para obter os seus miseráveis objectivos? Que castigo reserva a Republica veneziana para tais pessoas?

O Chipre está salvo, mas o seu salvador perdido.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

O Filho do Ar




Filho do Ar de Jean Cocteau


Neste pequeno livro reúnem os editores 3 poemas e um texto de Jean Cocteau traduzidos por Gastão Cruz para o espectáculo homónimo encenado por Carlos Fernando e apresentado ao público no Teatro da Graça.

O primeiro poema, que dá o nome ao livro, chama-se "O Filho do Ar" e nele se pode ler este magnifico verso “É vasto o mundo – e novo, nocturno, perturbante.”

Em a "Dama de Monte-Carlo" o tema é velhice, o rejuvenescimento pelo jogo (“Como nos sobe o sangue ao rosto / e brilha fúlgido o olhar”) e a queda final (“Vou esta noite lançar-me / às águas de Monte-Carlo”).

O Mentiroso é um texto sobre alguém que compulsivamente se esquiva da verdade e instintivamente, embora por vezes angustiado e contrariado, mente.

Manuscritos Económico-Filosóficos de 1844

Manuscritos Económico-Filosóficos de 1844 de Karl Marx

O jovem Marx reflecte sobre importantes questões económicas e filosóficas, analisando os economistas clássicos, como Adam Smith, Ricardo e outros, e os filósofos alemães como Hegel e Feuerbach, descobrindo e expondo as suas limitações e propondo uma visão alternativa, uma sociedade em que o Ser Humano não seja alienado da sua própria natureza.

Escrito em jeito de notas, com extensas citações dos autores analisados, sente-se que estes manuscritos são parte do trabalho intelectual de Karl Marx mas ainda não na sua fase final e completa. Trata-se pois de um dos primeiros passos de Marx rumo a sua visão do mundo, no caminho que o levou a desenvolver uma nova filosofia o materialismo dialéctico.

Temas como o salário, o capital, a alienação, a propriedade privada, o comunismo, surgem já como conceitos chaves no pensamento do jovem Karl Marx.

Marx reclama já, neste manuscrito, a extinção da propriedade privada como forma de libertação do Ser Humano. “ A supressão positiva da propriedade privada como apropriação da vida humana é, por isso a supressão de toda a alienação, portanto o regresso do homem, a partir da religião, família, Estado, etc., à sua existência humana, i.e. social.”

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Pássaros na boca



Pássaros na Boca de Samanta Schweblin

Uma colecção de dezoito contos curtos, estranhos e, muitas vezes, de final surpreendente mas de qualidade muito irregular.

Entre os melhores “A pesada mala de Benavides” em que arte, crime e violência se fundem e só se separam na mente dos vários intervenientes, “Sonho de revolução” passado num bar à hora do fecho mas que descreve como funciona um processo de contra-revolução, “A medida das Coisas” sobre como gerir uma loja de brinquedos com paixão.

A par com estes excelentes contos convivem outros que parecem inacabados como arcos a que falta a aduela. Contos em que o cenário é relatado com perícia, a situação e as personagens anunciadas mas em que, depois, nada se passa, nada acontece e em que se fica pela descrição de uma situação e, nessa medida, se afastam do paradigma do conto que exige uma história, um enredo. Contudo não seguir o cânone do conto não é crime e não deixa de ser uma bela Literatura.