sexta-feira, 4 de abril de 2025

As Origens do Nacionalismo Africano

As Origens do Nacionalismo Africano por Mário Pinto de Andrade

 

Uma obra incontornável para quem pretenda conhecer ou estudar o Movimento Negro da I República Portuguesa, um movimento centrado em Lisboa mas com ligações a todos os territórios africanos ocupados por Portugal. Um movimento que criou diversos jornais, fundou partidos e associações cívicas, elegeu deputados, participou na organização e estruturação ideológica e programática do movimento dos Congressos Pan-africanos no mundo.

 

Um Movimento que foi apagado da nossa História e que graças a Mário Pinto de Andrade e este livro regressou ao debate contemporâneo pela mão de Cristina Roldão, José Augusto Pereira e Pedro Varela.

 

Um livro há muito esgotado e que agora regressa ao mercado pela mão da editora Letra Livre.

 

Mário Pinto de Andrade denomina essa geração de protonacionalista, no sentido de os excluir da luta pelo nacionalismo africano e os deixar amarrados à defesa da presença colonial em África. No entanto, reconhece a importância deste movimento como contributo antirracista e de despertar da Consciência Negra.  

 

Mário Pinto de Andrade (1928-1990), intelectual africano, nacionalista, em Paris foi chefe de redação da prestigiada revista Présence Africaine, fundou o MPLA de que foi presidente, deixou vasta obra filosófica e sociológica. Morreu em Londres.



sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

The Crisis of Islam


 

The Crisis of Islam por Bernard Lewis

 

Uma análise parcial, propagandista, unilateral e centrada na perspetiva americana dos fundamentos religiosos de alguns grupos extremistas árabes que se reivindicam de islâmicos.

 

Sem profundidade histórica, sem espessura religiosa, sem um exame político cuidado, este livro acaba por ser uma coleção superficial de acontecimentos desgarrados, muitas vezes sem que a sua conexão ou continuidade seja explicada ou demonstrada.

 

Os árabes e o Islão vistos pelos olhos de um americano sedento de vingança e cheio de perplexidade ante a persistente resistência ao poderio militar ocidental. Um livro que não procura entender as razões do lado árabe, e as reduz a um conjunto de estereótipos e de lugares-comuns. Para Lewis tudo o que os americanos fazem é justificado toda a resistência é extremismo. Eis uma lógica que não cola e que é perigosa pelo potencial de violência que encerra.

 

Trata-se, na verdade, de um manual de propaganda, cujo conteúdo foi repetido acriticamente vezes sem conta pela imprensa ocidental durante anos. Uma cartilha bem-sucedida.

 

Bernard Lewis (1916-2018) académico com dupla nacionalidade, britânico e americano, celebrizou-se por uma série de obras ideológicas contra os povo árabes e anti soviéticas.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Uma Poesia Extrema


Uma Poesia Extrema por António Maria Lisboa

 

Uma coletânea de poemas, de manifestos, de textos-poéticos de António Maria Lisboa, surrealista assumido e sofrido.

 

Uma dialética confusa, uma escrita intrincada, simbólica e, muitas vezes, incompreensível, caracterizam a obra deste escritor. Contudo, o pequeno círculo constituído à sua volta, e que assina conjuntamente “Cadáver Esquisito Conferencista-Crítico: Afixação Proibida”, composto por Mário Cesariny, Henrique Risques Pereira e Pedro Oom, viria a ter uma importância decisiva na introdução e divulgação do movimento surrealista em Portugal, apesar de o fazer com várias décadas de atraso em relação ao primeiro manifesto de André Breton publicado em 1924 (antes de António Maria Lisboa nascer). O título “Cadáver Esquisito” é uma tradução duvidosa de Cadavre Exquis nome de um jogo de palavras inventado por Jacques Prévert e Yves Tanguy em 1925.

 

Algumas ideias são simplesmente exageradas e erradas como “Todas as pessoas de quem tu não gostas querem-te mal” outras fazem pensar “Um objeto pensado é um segundo objeto”, “os homens são fortes desde que defendam o que amam”. Também há escritos com os quais concordamos “Escrever com erros é ensinar a ler e a criticar. Não escrever é o mesmo que não saber ler. Não criticar é o mesmo que levar a vida a ser criticado”.

 

António Maria Lisboa (1928-1953), poeta surrealista português. Morreu prematuramente aos 25 anos de tuberculose. Deixou obra dispersa.