Os ecos de Virgílio Ferreira no verso “Ainda um dia vou partir / nesse comboio do mato / que tem dor no vagão J” e que depois reviverão em José Mário Branco quando canta “vim de longe/ eu vou para longe” o poema Comboio de Malange acaba com toda a gente a repetir “Minha terra / minha terra / minha terra”. Poemas que, literariamente, se fundam no passado e constroem o futuro.
A viagem, a partida, como vias para a mudança, para o amor, o amanhã, a transformação pessoal e social. Mas, e sem contradição, também as raízes, a terra, o povo africano, na sua humanidade sofrida e heroica.
Um pequeno livro de catorze poemas simples, diretos, mas comoventes que nos incitam a pensar e nos ensinam a ver a realidade com outros olhos.
António Cardoso (1933-2006), branco, nacionalista angolano lutou contra o colonialismo português, condenado a 14 anos de prisão pelo regime fascista, depois da independência desempenhou vários cargos e foi um dos fundadores da União dos Escritores de Angola.