sexta-feira, 13 de junho de 2025

Ariol – O Cavaleiro Cavalo


 

Ariol – O Cavaleiro Cavalo

 

Banda desenhada dirigida a um público juvenil. As vivências e peripécias de Ariol, um burrinho, e do seu amigo Ramono, um porquinho, em diferentes cenários, na escola, nas férias, na ida ao médico, no jardim nas brincadeiras com os colegas.

Os receios das “picas” das vacinas, os primeiros namoros, as guloseimas, as coleções de cromos, os esquecimentos e distrações, a exploração dos armários dos pais, tudo o que uma criança ou jovem adolescente acaba por passar e enfrentar com coragem.

Um conjunto de treze pequenas histórias independentes, por vezes de índole didática ou moralista, sempre bem-humoradas, que juntam as mesmas personagens. Celebra-se a diversidade, a amizade, a curiosidade, a descoberta e a audácia. Tudo boas qualidades.

Uma boa leitura para pessoas dos sete aos setenta e sete como antigamente se dizia. Ou para crianças e graúdos. Para os pais lerem com os filhos.

Os autores são franceses e inscrevem-se na linha da boa banda desenhada produzida pela escola franco-belga. Os desenhos são de Marc Boutavant (n. 1970)  e os textos de Emmanuel Guibert (n. 1964).

 

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Tira o Disco e Toca ao Vivo


 

Tira o Disco e Toca ao Vivo por João Gobern

 As monumentais alterações na indústria do musical das últimas décadas afastaram o público dos suportes físicos, os discos, as cassetes, os CDs, e ditaram a migração em duas direções aparentemente divergentes o streaming e o concerto ao vivo. E digo aparentemente porque ambas remetem para a experiência sensorial efémera mas mercante.

Gobern explica-nos com detalhe os vencedores e os vencidos desta transformação tecnológica e social, das alterações que fizeram reviver uma indústria que recupera do abismo onde esteve. Os músicos e o público foram os grandes perdedores, as grandes editoras as vencedoras, apropriando-se agora de quase todas as receitas das bandas, dos compositores e dos artistas.

O que escapa a Gobern é o mundo anterior aos discos de vinil e à rádio, um mundo em que o concerto ao vivo era, então, a única forma de os compositores e músicos darem a conhecer ao público o seu trabalho. Era um mundo em que os artistas atuavam para públicos restritos, fragmentados e segmentados e estavam muito dependentes de mecenas e instituições, nomeadamente políticas e religiosas, que os constrangiam.

Nesse sentido temos depois da tese (o mundo antigo), a antítese (com os discos e a rádio) e agora a síntese que, parecendo regressar ao passado, antes combina os dois mundos, alargando imenso o público e permitindo-lhe acesso a um amplo leque de artistas. Ainda não é o mundo perfeito mas é um salto em relação aos anteriores.

Um livro informado, escrito por um especialista, com o qual podemos aprender muito sobre a indústria musical.

João Gobern (n. 1960), é um jornalista, crítico musical e desportivo português.

domingo, 1 de junho de 2025

História em Duas Cidades

                                             História em Duas Cidades de Charles Dickens

Este grande clássico da Literatura ocidental traz-nos à memória a famosa frase de Mao Tse-tung: “a Revolução não é um convite para jantar a composição de uma obra literária, a pintura de um quadro ou a confeção de um bordado, ela não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão afável e cortês, comedida e generosa. A revolução é um insurreição, é um ato de violência pelo qual uma classe derruba outra”.

Uma história de amor e sacrifício, passada nos dois lados do canal da mancha, que tem como pano de fundo a revolução francesa de 1792 pela qual a burguesia derrubou a aristocracia, num ato de grande violência de que a guilhotina se tornou um símbolo.

Do lado inglês reina a ordem, a tranquilidade, a harmonia das classes e profissões e os suspeitos de crimes são julgados de forma justa, e quando inocentes libertados. Do lado francês reina a pobreza e o ódio de classe, baseado na crueldade e nas injustiças praticadas pela aristocracia que despoleta um desejo de vingança. Esta dicotomia não é inocente.

Um marquês que renuncia ao título, um advogado disposto a tudo pela sua amada, um banqueiro de bom coração, tentam navegar nas águas turbulentas de uma nação em revolta.

Charles Dickens (1812-1870), foi um escritor e jornalista inglês. As suas obras obtiveram grande sucesso no seu tempo e continuam hoje muito populares. Oliver Twist, Contos de Natal, David Copperfield, Grandes Esperanças, permanecem com clássicos indispensáveis a qualquer leitor.

sábado, 24 de maio de 2025

A Poesia Palestina do Século XX

 

 

A Poesia Palestina do Século XX

 

Uma muito cuidada e criteriosamente escolhida coletânea de poetas e poetisas da Palestina nascidos no século XX, complementada por um texto introdutório de Júlio de Magalhães, especialista de Literatura árabe.

 

Abre Fadwa Tuqan (1917-2003), nascida em Nablus cidade onde viveu grande parte da sua vida e onde veio a morrer. No poema “O Dilúvio e a Árvore” lê-se no que mantém toda a atualidade “Os céus ocidentais ressoam com explicações de regozijo: / «A Árvore caiu! / O grande tronco está esmagado. O furacão deixou a árvore se vida!» ” mas relembra que esta árvore tem “Raízes árabes vivas / penetrando profundamente na terra” e prevê que “Quando a Árvore se erguer, os ramos / vão florir verdes e viçosos ao sol”.

 

Segue-se Tawfiq Zayyad (1929-1994), que foi presidente da Câmara de Nazaré e depois Samih Al-Qasim (1939-2014) e May Sayigh (1940-2023), presidente da União das Mulheres da Palestina com a sua interpelação “Deixa eu os rios abandonem as nascentes / que os ventos abandonem o céus, / e que os mares sequem! / Tudo no universo tem um fim / Exceto o meu sangue derramado”.  

 

Outros poetas presentes incluem Murid Barghuty (1944-2021), Ahmed Dahbur (1946-2017), que nos conta “A morte do sapateiro” em honra de Abu Rayya um sapateiro assassinado por Israel #Os seus oito filhos e mãe deles / explodiram juntos”, Hanna Ashrawi (1948) que escreve sobre os jovens enterrados vivos pelos sionistas, Hanan Awad (1951) que “Abril! / Proclama que o meu sangue exala o perfume / Da terra dos antepassados”. O livro termina com Ghassan Zaqtan (1954) e Mahmud Darwich o maior poeta palestino de sempre. Deste último temos o poema “À minha Mãe” e o celebre “Bilhete de Identidade” de que extraímos os versos “Toma nota! / Sou árabe / Os meus cabelos … da cor do carvão / Os meus olhos … da cor do café”.

 

Uma edição do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), uma organização que tem feito um trabalho extraordinário em prol da causa palestina.