terça-feira, 22 de junho de 2021

João Vêncio: os seus amores

João Vêncio: os seus amores

 

João Vêncio conta-nos a sua atribulada história de vida que, como todas, se centra na infância e nas suas consequências. Uma confissão serena, difícil, mas profundamente sincera e refletida, em que a violência, a morte, o amor e a beleza se misturam e confundem.

 

Tudo se passa num musseque de Luanda, um microcosmos de grande diversidade e vida.  Aí encontramos tantas personagens, cada uma com a sua individualidade, com a sua história, com as suas idiossincrasias, todas vistas pelo olhar inocente e limpo de um menino de 8 anos.

 

A língua portuguesa adaptou-se às diversas geografias e renasce nos diversos portugueses que encontramos no Brasil e em África e na Ásia. Este livro foi escrito na versão do português de Angola, com a incorporação de inúmeros vocábulos vindos do quimbundo, uma das línguas nacionais desse país. Palavras que obrigam ao uso muito frequente de um glossário colocado no fim do livro, o que atrapalha a leitura. Tudo seria mais fácil para o leitor se esse método tivesse sido substituído por notas de rodapé.

 

Luandino Vieira (n. 1925) é um dos maiores escritores angolanos. Empenhado na libertação do seu país foi preso pelo regime colonial-fascista tendo passado anos na cadeia e no Tarrafal. Depois da independência foi diretor da Televisão e mais tarde Presidente da União de Escritores Angolano. Em 2006 foi-lhe atribuído o Prémio Camões, que recusou.

 


 

domingo, 13 de junho de 2021

States and Power in Africa

States and Power in Africa

 

A baixa densidade populacional como fator determinante da política em África e da dificuldade de o Estado, enquanto instituição, se afirmar nesse continente. A consolidação do poder implica a extensão do Estado, das suas infraestruturas e da sua vontade a todos os cidadãos. A baixa densidade populacional torna excessivamente cara a construção dessa infraestrutura nas zonas rurais longe das principais cidades.

 

Nascem assim Estados que não controlam a totalidade do seu território e que abandonam populações dispersas por vastas áreas. Nós portugueses percebemos bem este argumento se bem que não tendo áreas de densidade população tão reduzida. O ditado “Para lá do Marão mandam os que lá estão” reflete esse abandono do Estado de uma parte do nosso país.

 

A partir desta constatação, da baixa densidade populacional, Herbst constrói todo um argumento favorável à fragmentação dos países africanos e à constituição de Estados mais pequenos, homogéneos, inclusivos e geríveis. Passa-lhe ao lado que muitos dos Estados africanos de menor dimensão serem exatamente os Estados com mais dificuldades de afirmação e controlo do seu território, veja-se o caso da Libéria e da Guiné-Bissau e que grandes Estados como a África do Sul serem aqueles em que o Estado melhor controla o país.

 

Jeffrey Herbst é um académico judeu norte-americano com vasta obra sobre África. Os seus trabalhos tem uma forte influência na política norte-americana para este continente.