domingo, 27 de março de 2022

O Processo

O Processo

 

Esta obra distópica, deixada inacabada de Franz Kafka, felizmente resgatada pelo seu amigo Max Brod, escrita em plena I Guerra Mundial, é um clássico da Literatura Mundial.

 

Trata-se de uma crítica demolidora dos meandros da Justiça e dos Tribunais, da forma labiríntica, secreta, ziguezagueante e errática como de desenrolam os processos e é administrada a Justiça. O réu, sem saber sequer de que é acusado, perdido num emaranhado regras absurdas, de intervenientes grotescos, de secretarias em ambiente sufocante de irreal pesadelo, não sabe como agir. O ser racional confrontado com a irracionalidade torna-se incapaz de pensar e atuar.

 

A lenda da Lei contada por um padre e as suas múltiplas, intrincadas e contraditórias interpretações é uma certeira alegoria condenatória do Direito tal como ele vem sendo entendido nas sociedades ocidentais, um direito que excluiu a maioria e se esconde atrás de poderosos guarda-portões.

 

Kafka recorre neste livro ao absurdo, o exagero, ao extremo, como forma de caricaturar e desmontar a organização e o funcionamento da Justiça.

 

Franz Kafka (1883-1924), escritor checo de língua alemã, contraiu tuberculose em 1917, doença incurável na época, de que veio a morrer precocemente aos 40 anos.


 

quinta-feira, 17 de março de 2022

 

 Mário Domingues – A afirmação Negra e a Questão Colonial

 

Mário Domingues (1899-1977), jornalista e escritor Negro português, foi um notável polemista, e um escritor polifacetado autor de numerosas obras de muito diverso género e temática. Nos anos 20, em plena I República e já depois da I Grande Guerra, escreveu em A Batalha o jornal principal central sindical que na altura seguia a ideologia do anarco-sindicalismo. Aí expôs denunciou os crimes do colonialismo português e chegou mesmo a defendeu a independência nos territórios africanos ocupados por Portugal, uma atitude pioneira que ia absolutamente contra a corrente do pensamento republicano defensor do colonialismo e da exploração desenfreada dos africanos.

 

Este livro encontra-se organizado em duas partes totalmente distintas. Na primeira parte encontramos um magnífico ensaio de José Luís Garcia sobre a vida e a obra de Mário Domingues e na segunda parte uma coletânea de artigos publicados por Mário Domingues na década de 20 do século passado sobre a afirmação Negra e a Questão Colonial.

 

A obrade Mário Domingues foi esquecida e apagada, mas, pelo seu pioneirismo, pelas ideias avançadas e premonitórias que defendeu e pela qualidade literária e polemista, merece ser relembrada, reeditada e estudada. Devemos agradecer a José Luís Garcia os estudos que permitem começar a resgatar uma obra essencial para perceber a nossa História.

terça-feira, 15 de março de 2022

Vidas Seguintes

 


Vidas Seguintes

 

O desprezo dos colonialistas pelos soldados negros que lutaram nos seus exércitos em África e na Europa. A dedicação ilimitada e a generosidade total desprezadas. Elyas, agradecido pelo bom acolhimento que teve, quando criança, numa plantação de um colono alemão, deixa o seu povo para integrar os askari, as tropas coloniais alemães que esmagaram as revoltas dos povos africanos e depois combateram na I Grande Guerra contra ingleses, belgas e portugueses semeando o pavor nas aldeias, massacrando o povo, pilhando as colheitas. Depois da guerra estabelece-se na Alemanha, mas o seu fim será desvendado pelos descendentes da família que deixou para trás.

 

Os colonos, alemães e ingleses trazem a guerra, primeiro contra os povos africanos depois entre si, a violência, a opressão e o caos à Tanzânia. Em contraponto a sociedade africana tradicional tenta sobreviver num clima de calma, paz e trabalho.

 

Abdulrazak Gurnah (n.1948), tanzaniano radicado no Reino Unido, escritor com longa carreira. Obteve vários prémios, nomeadamente o prestigiado RFI Temoin du Monde em 2007. Em 2006 foi eleito para a Real Academia de Literatura do Reino Unido. Em 2021 ganhou o Prémio Nobel da Literatura. Em Portugal era desconhecido e as suas obras só agora começam a ser traduzidas.

domingo, 13 de março de 2022

Dez Mitos sobre Israel

 

10 Mitos sobre Israel

 

Ilan Pappé, um judeu israelita, radicado no Reino Unido, Historiador e Professor da Universidade de Exeter e Diretor do Centro de Europeu de Estudos sobre a Palestina, é um especialista em questões palestinas e do Médio Oriente.

 

Neste livro, que é um êxito de vendas, em muitos países, recorrendo a dados históricos Ilan Pappé desfaz 10 mitos construídos pela poderosa propaganda sionista em torno do nascimento de Israel e dos palestinos. Chega com um pequeno atraso a Portugal, uma vez que a primeira edição no Reino Unido aconteceu em 2017. Mantém, contudo, toda a atualidade.

 

Retemos uma frase a Paz não “acontecerá enquanto continuarmos a cair na armadilha de tratar mitologias como verdadeiras. A Palestina não estava vazia e o povo judeu tinha pátrias; a Palestina não foi “redimida”, foi colonizada; em 1948 os palestinos não partiram voluntariamente, foram expropriados. Os povos colonizados têm direito – mesmo segundo a carta das Nações Unidas – de lutar pela sua libertação”.

 

Um livro que, de forma serena, mostrando os factos de forma contida, mostra os horrores da ocupação israelita e aponta o caminho para a construção de uma pátria comum de árabes e judeus na Palestina.