D.
Afonso III por Diogo Freitas do Amaral
Uma
abordagem diferente do reinado de D. Afonso III, o Bolonhês, habitualmente
considerado um traidor por se ter aliado a uma potência estrangeira, a Igreja
Romana, para através de uma sangrenta guerra civil se apoderar do reino
destronando o seu irmão D. Sancho II.
Usando
conceitos contemporâneos Diogo Freitas do Amaral equipara o Vaticano à ONU para
nos explicar que não se tratou de uma odiosa intervenção estrangeira mas antes
uma operação de “salvaguarda da paz” legitimada por uma autoridade
internacional. A guerra civil que se seguiu entre os portugueses partidários de
D. Sancho II e os estrangeiros que pretendiam D. Afonso no trono não é para
Freitas do Amaral tal coisa, antes uma operação de “imposição da Paz”. Só falta
pintar o elmo de D. Afonso de azul, para o transformar num capacete azul ao
serviço da ONU. Chega a roçar o ridículo este conjunto de argumentos absurdos.
Freitas
no seu afã de glorificar D. Afonso transforma-lhe todas as ações em ouro, até a
bigamia – o nosso rei foi casado com duas mulheres em simultâneo, o que lhe
valeu a censura papal – é elogiada como rasgo estratégico de primeira ordem.
O
livro tem, contudo, dois méritos: chamar à atenção do um Rei que incorporou o
Algarve no país, o de deslocar para esta época o pináculo da poesia
trovadoresca ajudando a desfazer o mito de D. Diniz.
Lê-se
mas não se acredita no que escreve. O próprio autor reconhece a falta de rigor
histórico da obra.