Paris é uma festa por Ernest Hemingway
Um livro de recordações, escrito nos últimos anos de vida de Ernest Hemingway e só publicado após a sua morte.
Através de pequenos quadros e retratos Hemingway
transporta-nos para a Paris dos anos 20 em que viveram muitos escritores e
intelectuais americanos da Idade do Jazz. Uma Paris sem franceses e com muitos
americanos e ingleses. Encontramos entre outros Erza Pound oferecendo um boião
de ópio a um amigo viciado, Gertrude Stein a discutir com a amante, Ford Madox
Ford feito aldrabão de feira a garantir o mesmo prémio a vários autores, Scott
Fitzgerald escrevendo prosa comercial, preocupado com o tamanho do seu pénis e
atormentado por uma gripe inexistente,
A evidente tendência para se auto descrever nas melhores
cores físicas, intelectuais e morais e para de todos os outros salientar quase
exclusivamente as debilidades, as idiossincrasias e os vícios acaba por
funcionar contra o livro diminuindo-o. Por vezes parece que estamos a assistir
a um ajuste tardio de contas contra o mundo literário americano da época tantas
são as setas disparadas em tantas direções.
Como todos os livros póstumos está envolto em várias
polémicas sendo a sua mulher Mary acusada por alguns de ter alterado a ordem
dos capítulos e eliminado partes importantes do texto. Mais recentemente uma
edição de 2009, organizada por um neto de Hemingway alterava várias passagens
pouco simpáticas para com a sua avó.
O título em português, Paris é uma festa, não parece fiel ao
original: “A Moveable Feast”.
Não encontramos aqui Hemingway na sua melhor forma.
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