Memórias de Adriano de Marguerite Yourcenar
Instalada a doença final, aproximando-se a morte, Adriano, Imperador Romano, rememora a sua vida desde a infância até às suas últimas decisões. Memórias ordenadas cronologicamente, mas em que acontecimentos secundários se tornam centrais e em que momentos decisivos, como o da sua ascensão à posição de comando, se mantêm imersos numa bruma misteriosa. Os homens e as mulheres que o marcaram, a obra de pacificação e progresso material que realizou, as revoltas que teve de enfrentar, a determinação com que agiu nas horas difíceis, a eliminação de adversários políticos que ordenou, tudo surge acompanhado de reflexões ponderadas, sem indulgência, sempre com espírito crítico mas sem arrependimentos.
Com o agravar da doença surge um ímpeto suicida, para que tudo acabe depressa, que é, finalmente, substituído pela paciente espera pelo momento final, numa atitude apaziguada e paciente.
Uma obra-prima da literatura do século XX. Um livro monumental, erudito, sempre apoiado na História embora, aqui e ali, romanceando episódios e inventando personagens, que nos obriga a pensar sobre a vida, a liberdade, o poder, o amor, a religião e a morte.
Marguerite Yourcenar (1903-1987), belga naturalizada norte-americana, foi a primeira mulher a entrar na Academia Francesa.
Sem comentários:
Enviar um comentário