Ode Marítima por Álvaro de Campos
Um paquete que passa desencadeia
na alma do poeta uma roda de sensações e reflexões, que sobem de tom, culminando
numa exaltação delirante, doentia e masoquista, para logo se desvanecerem acabando
numa imobilidade triste e insatisfeita presa à realidade concreta do real.
Na grande aventura marítima e a
pirataria incorpora todos os ângulos dessa saga marinheira, Álvaro de Campos
funde-se simultaneamente com carrascos e vítimas, com violadores e violados,
com assassinos e assassinados, com a fúria e o medo, e cristaliza essa estranha
união na dor. Dor física do moribundo, dor eterna de Prometeu. A dor
procurada, querida, o culto do sacrifício voluntário, sem sentido nem honra,
nem esperança.
Típico do espírito da época de
guerras em que foi escrito, um espírito que conduziu a regimes odiosos na
Europa e que a transportou para um segundo confronto – o mais mortífero e
sanguinário de toda a História Humana.
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