Os cadernos secretos do Prior do Crato
por Urbano Tavares Rodrigues
O prior do Crato é um Rei esquecido. Talvez porque o seu
reinado foi curto e atribulado. Talvez porque embora legitimo nunca conseguiu estender
o seu reinado a todo o território. Talvez por ter sido derrotado por Filipe II
que acabou por a impor o domínio espanhol em Portugal.
Mas também porque a legitimidade de Filipe II só pode
encontrar alguma sustentação no caso de se apresenta como sucessor do Cardeal
D. Henrique e nunca poder ser justificada como sucedendo a D. António I.
Este romance assume uma linguagem contemporânea para contar,
na primeira pessoa, a vida do Prior do Crato. Confesso que esta opção
consciente e explicada pelo autor no posfácio, me desagrada pelo constante sabor
a anacronismo que introduz.
A imagem de um humilde, pacato e pobre prior mulherengo
atirado pelas circunstâncias para um papel histórico central não cola com a sua
função de superior da Ordem dos Hospitalários, uma ordem militar terratenente,
rica e poderosa no Portugal de então nem com o seu estatuto de filho do infante
D. Luís, também ele Prior do Crato, e neto do Rei D. Manuel I.
A forma diarística introspectiva é uma solução engenhosa para
explanar temas existenciais da vida do Prior do Crato como a permanente tensão
entre a sexualidade e a religiosidade, os remorsos dos casos amorosos passados
e a reflexão sobre a sua luta pelo trono e finalmente, já no exílio francês, a
desilusão e a consciência de ter perdido.
Um livro bem apoiado numa séria investigação histórica.
O prior do Crato é um Rei esquecido. Talvez porque o seu
reinado foi curto e atribulado. Talvez porque embora legitimo nunca conseguiu estender
o seu reinado a todo o território. Talvez por ter sido derrotado por Filipe II
que acabou por a impor o domínio espanhol em Portugal.
Mas também porque a legitimidade de Filipe II só pode
encontrar alguma sustentação no caso de se apresenta como sucessor do Cardeal
D. Henrique e nunca poder ser justificada como sucedendo a D. António I.
Este romance assume uma linguagem contemporânea para contar,
na primeira pessoa, a vida do Prior do Crato. Confesso que esta opção
consciente e explicada pelo autor no posfácio, me desagrada pelo constante sabor
a anacronismo que introduz.
A imagem de um humilde, pacato e pobre prior mulherengo
atirado pelas circunstâncias para um papel histórico central não cola com a sua
função de superior da Ordem dos Hospitalários, uma ordem militar terratenente,
rica e poderosa no Portugal de então nem com o seu estatuto de filho do infante
D. Luís, também ele Prior do Crato, e neto do Rei D. Manuel I.
A forma diarística introspectiva é uma solução engenhosa para
explanar temas existenciais da vida do Prior do Crato como a permanente tensão
entre a sexualidade e a religiosidade, os remorsos dos casos amorosos passados
e a reflexão sobre a sua luta pelo trono e finalmente, já no exílio francês, a
desilusão e a consciência de ter perdido.
Um livro bem apoiado numa séria investigação histórica.
Sem comentários:
Enviar um comentário