Os Exportadores Portugueses de Filipe S.
Fernandes
Este pequeno ensaio de Filipe S. Fernandes
apresenta-se, mau grado o visível esforço do autor em recorrer a diversas
fontes incluindo a entrevistas com responsáveis do setor, mal estruturado, insuficientemente
estudado e cheio de repetições e sem conclusões de fundo. É pena.
Existem diversas contradições, por um lado
não se cansa de repetir que as exportações portuguesas são muito diversificadas
para logo de seguida, sem se aperceber que se desmentia, afirmar que são muito
concentradas num número pequeno de empresas (que elas próprias são
exclusivamente mono sector). Trata-se do conhecido erro de “ver a árvore mas não ver a floresta”.
Ao analisar muitas empresas de diversos ramos
fica com a sensação de diversificação esquecendo-se de analisar os valores
envolvidos. Há diversificação quando se olha para pequenos e micro exportadores
esquecendo-se que na maior parte dos casos são irrelevantes para os números
globais.
Na verdade as exportações portuguesas estão
muito concentradas num número muito pequeno de empresas – as 10 maiores
concentram cerca de 20 % de todas as exportações nacionais! Apenas 500 empresas
representam mais de 60% do valor das vendas externas portuguesas.
Eis a grande diversificação: não existe,
antes a realidade nos mostra uma séria concentração e uma exagerada dependência
de meio milhar de empresas.
Por outro lado falha ao insistir no carácter
nacional das exportações. A verdade é outra. A maioria dos grandes exportadores
são empresas estrangeiras. Como o próprio autor refere 8 das 10 empresas que
mais exportam são estrangeiras. Apenas duas vagamente nacionais: A Galp e a
Portucel/Soporcel.
Em termos geográficos dos destinos das
exportações existe também uma concentração excessiva, com apenas 10 países a
absorver mais de 70 % do total das exportações. Um único país, a Espanha,
compra mais de um quinto das nossas vendas externas. Uma situação muito
perigosa que no passado já provocou várias crises em Portugal quando alguns desses
países reduziram as suas compras.
O ensaio contem várias repetições a mais
flagrante é a da página 84 que reproduz quase literalmente o referido nas
páginas 53,54 e 55.
Poderia ter notado, até pelos dados que
apresenta, que as empresas portuguesas que lideram os respetivos setores a
nível mundial ou europeu, Sovena, Corticeira Amorim, etc, são em geral empresas
verticalmente integradas e com um mercado interno apreciável sob o qual
souberam construir uma internacionalização bem-sucedida.
Pleno de banalidades, ideias erradas e
análises superficiais este livro não ajuda a compreender uma atividade
económica vital para a economia nacional.
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