Sarrasine de Honoré de Balzac
A Igreja católica para exclusiva recreação
musical castrava muitos jovens rapazes que assim ficavam presos a uma
profissão, a de cantor lírico nas Igrejas e teatros, e a um patrono, um membro
do clero, frequentemente um bispo, com que mantinham uma relação de completa subjugação.
Esta execrável prática de mutilação genital
de crianças para a simples fruição musical constitui um dos muitos crimes que a
Igreja católica cometeu ao longo da sua existência. Hoje, no meio de um escândalo
internacional de pedofilia, assume uma atitude moralista com outros. Não
aprendeu com os erros.
Na época de Balzac, devido à atitude da
Igreja para com as mulheres, remetidas ao silêncio na Igreja e na sociedade, os
papéis femininos em óperas e na música litúrgica eram cantados por essas
vitimas castradas.
Este livro traz à superfície, de forma
trágica, esta horrível realidade que se passava em vários países europeus, nomeadamente
em Itália na cidade de Roma sede histórica da Igreja Católica.
De uma forma admirável Balzac apresenta-nos
uma família rica de pessoas extremamente belas que possuem um familiar idoso
que, de quando em quando, irrompe pelos salões distintos em que recebem os
convidados em dias de festa. Quem será este misterioso e tenebroso velho que
quando passa deixa um rasto gélido e fétido? Qual a origem desta família que
fala fluentemente várias línguas mas não deixa adivinhar a sua nacionalidade?
Este livro que marcou uma época e um género
literário, o decadentismo francês, transporta-nos para o mundo da arte, a
escultura, a pintura, a música e obriga-nos a refletir sobre uma variedade de
temas que vão do amor, à descendência e à herança que podemos deixar no mundo.
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