A Questão do Estado: questão central de
cada Revolução
por Álvaro Cunhal
Escrito em 1967 este texto analisa do ponto
de vista marxista um tema central da discussão política dos círculos oposicionistas
ao Estado Novo. A questão de deixar ou não intocado o aparelho de Estado
fascista após o derrube da ditadura.
Cunhal começa por revisitar as teses de Marx
e de Lenine, em que se filia, sobre o Estado e por precisar os conceitos de
ditadura e democracia. Recorda que “numa sociedade dividida em classes
antagónicas, Estado é sinonimo de ditadura”. No entanto as formas como essa
ditadura se exerce não é indiferente “Nada tem a ver com o marxismo-leninismo a
opinião anarquizante segundo a qual é indiferente à classe operária que o poder
da burguesia se exerça num regime parlamentar ou numa ditadura fascista…” mas
antes pelo contrário “o proletariado está interessado em lutar para que a
ditadura da burguesia se exerça através de formas o mais democráticas possível,
pois estas não só são as que menos sofrimento lhe acarretam, como são aquelas
que melhor lhe permitem defender os seus direitos, forjar a sua unidade,
reforçar as suas organizações, limitar e enfraquecer o poder dos monopólios …”.
Por outro lado o Estado proletário, como instrumentos
para o comunismo e para a sociedade sem classes ”é sempre mais democrático que
o Estado burguês”.
Na segunda parte Cunhal critica os
oposicionistas agrupados em torno da Carta de Acção Democrata-Social que
pretendiam algumas reformas que deixariam “o aparelho de Estado … intacto no
fundamental”. Defende em alternativa a necessidade de destruir o Estado
fascista substituindo-o por outro Democrático.
Cunhal também se opõe à visão de alguns
oposicionistas de esquerda que acalentavam a ilusão de subir ao poder e usar a
estrutura de Estado fascista ao serviço dos ideais democráticos. A estes
ensina-lhes pelo exemplo histórico dos que tentaram essa via no passado que tal
não será possível.
Um livro que a partir de uma polémica
concreta num momento histórico determinado se consegue elevar, pelo nível da
análise, ao estatuto de texto teórico marxista que mantém toda a sua atualidade
e pode ser usado na compreensão da situação presente do nosso país.
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