Novela de Xadrez de Stefan Zweig
O formidável e ganancioso campeão mundial de
xadrez, outrora simples camponês jugoslavo, treme perante um passageiro desconhecido
durante uma viagem de navio rumo à Argentina. Mas depois de um primeiro sucesso
este comporta-se de forma cada vez mais estranha.
Uma reflexão sobre a mente humana, os seus
limites, e a rapidez com que da mais completa racionalidade resvala para a
insanidade. Um mergulho profundo na massa cinzenta do ser humano, tendo como
cenário a II Grande Guerra e a perseguição aos monárquicos na Áustria anexada.
A ausência, pobreza ou falta de diversidade
de estímulos sensoriais externos podem levar a mente inteligente a fechar-se
sobre si mesma, não no sentido de se desligar mas antes de se retirar gradualmente
para um mundo imaginário até perder o contacto com a realidade.
A demonstração que mesmo no mais puro delírio
ilusório a racionalidade pode permanecer sem que com isso a consciência não
deixe de estar completamente toldada.
A impaciência com os seus traços de desassossego,
inquietação e febril agitação que podem, depois, desembocar em violência inexplicável
surgem como indícios, sinais de alerta que a mente perturbada oferece ao mundo
exterior. Para que este, alertado, aja e a salve.
O xadrez como jogo de estratégia, de pura
inteligência, capaz de ser dominado com destreza, engenho e maestria tanto pelo
pobre e ignaro camponês como pelo mais sofisticado, culto e diplomático
advogado da refinada aristocracia vienense.
Stefen Zweig (1881-1942), de ascendência
judaica, perseguido na sua Áustria natal pelo regime fascista de Dollfuss exilou-se
no estrangeiro. Em 1942 suicidou-se no Brasil tendo deixado um conjunto de
cartas a amigos sobre o seu ato.
Curiosa a frase final da carta de despedida “Saúdo todos os meus amigos! Que possam ainda
vislumbrar a aurora matinal após a longa noite. Eu, demasiado impaciente,
vou-me embora antes”. Sublinho a palavra impaciente.
Uma das obras de Zweig que quero ler, todas as que entretanto li no mundo da ficção, gostei; tenho em espera na estante de casa aquela que dizem ser o seu único romance. Nunca li o género biográfico e ensaio de Zweig
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