A Viagem por Virginia Woolf
Uma jovem de 24 anos, mas
totalmente inexperiente, empreende uma dupla e trágica viagem, no decurso da
qual descobre que pode ser um ser independente e o vazio do sentido da vida,
que nem o amor e o casamento preenchem. Terminada a viagem interior,
extingue-se também a exterior.
E essa é, num certo sentido, a
mensagem do livro, i.e. que a descoberta do nosso ser e do sentido da nossa vida
é a grande viagem que cada um de nós tem de empreender. Nesse exercício interior
opaco os outros podem ajudar muito pouco, o que cria fortes problemas de
comunicação, insatisfação e mesmo irritação. Na verdade, pelo menos para
Rachael, a música parece ser um meio mais expressivo e eloquente do que a
língua inglesa.
Os ambientes são finamente desenhados
- fantástica a cena da brutalidade crua da chuva tropical desabando telúrica
sobre o Hotel enquanto os raios iluminam o céu negro e os trovões assustam os
hóspedes. O ser humano perfeitamente indefeso e impotente à mercê de uma Natureza
imensa e poderosa que o ignora. Os traços psicológicos e de personalidade dos
principais intervenientes analisados com minúcia, subtileza e humor.
A crítica social e política, os
direitos da mulher e o seu voto, que na aurora do século XX ainda não estava
consagrado em Inglaterra, os direitos da mulher trabalhadora, são discutidos de
um ponto de vista machista e conservador que concorre para desacreditar e
ridicularizar os argumentos utilizados contra os avanços civilizacionais.
Um poder de observação imenso, dos comportamentos,
das intenções, dos cenários e das situações, vertido numa prosa fluente e
graciosa.
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