Belos e Malditos por F. Scott Fitzgerald
Anthony acredita que a vida não tem sentido e que nenhum
esforço pode levar a bom fim, toda a ação um esforço inútil que se esvai sem
que daí advenha nada de positivo nem para o próprio nem para os outros. Não tem
ilusões sobre a vida, e como nada o motiva – tudo é vão e fútil - preenche os
seus dias com atividades do espírito e de lazer.
Conhece Glória, a mais bonita rapariga da cidade, uma
verdadeira encarnação da Beleza, apaixonam-se e casam.
A vida ociosa aprovada e aclamada quando subsidiada por dinheiro
familiar passa a ser reprovada socialmente quando o dinheiro começa a
escassear. Todos lhe exigem que siga literalmente o preceito bíblico “ganharás
o pão com o suor do teu rosto”. Desertado pelos amigos, criticado pela mulher,
procura manter o seu estilo de vida mas cai no alcoolismo. Um golpe de sorte
inesperado transforma-o num homem verdadeiramente rico e pronto a regressar à
sua vida boémia.
Um livro repleto de pistas para reflexão sobre inúmeros
temas, uns mais profundos como o sentido da vida e a aparente contradição entre
o espírito e o trabalho, outros mais prosaicos como a necessidade de objetivos
na vida e o papel do dinheiro na forma como as pessoas são julgadas socialmente
e ainda sobre temas de atualidade de então, claramente datados mas que ajudam a
compreender a sociedade dos anos 10 do século XX na América, como a questão da
Lei Seca e a do moralismo militante.
O livro espelha a vida do próprio autor, um alcoólico,
casado com uma beldade inteligente e abastada, que se dedicou por inteiro à
boémia e à escrita. Morreu jovem mas deixou uma obra de vulto. Ele podia não o
acreditar mas a sua obra não foi de maneira nenhuma frívola e sem valor.
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