Cartas, Máximas de Sentenças de Epicuro
Como viver? Qual o propósito da vida? Que fazemos aqui no
mundo? Perguntas eternas que ao longo dos séculos tiveram respostas diversas e
contraditórias, todas discutíveis, todas de algum modo insatisfatórias. Umas
logo refutadas, outras resistentes ao tempo e à reflexão adversa. Umas terreno
fértil onde se multiplicam e florescem as ramificações, outras solo árido e
seco sem descendência.
Na Grécia antiga, Epicuro reflectindo no seu Jardim ensinou-nos
que a vida merece ser vivida livre de dor corporal e de terrores espirituais. E
que o caminho para essa vida tranquila assenta na compreensão do papel dos
deuses, da morte e da determinação e do acaso.
Sobre os deuses diz-nos que existem, que levam uma vida
bem-aventurada mas totalmente afastada dos assuntos humanos em que não
intervêm. Não há que contar com eles nem para o mal, não são eles que provocam
as catástrofes naturais, políticas ou pessoais, nem para o bem, já que não
ouvem as nossas preces. Eles existem mas não têm qualquer influência na nossa existência.
A morte explica é a ausência de sensações. Sem sensações não
há dor, não há sofrimento. Na morte a alma sai do corpo e os seus átomos
dispersam-se pelo universo. Nada há a temer, pois enquanto vivemos a morte não
está presente e depois de mortos somos nós que não estamos presentes. Assim a
morte não é nada para nós. Nunca a experimentaremos. Esta concepção nega a imortalidade
e vê na morte o final absoluto da vida humana.
Os fenómenos na natureza, os ciclones, as secas, as
tempestades, não são causadas por forças divinas, mas por causas físicas cuja
explicação lógica será encontrada (e foi-o de facto) pelo seu estudo. No
entanto recusa o determinismo absoluto, defendendo, com toda a sensatez, que o
destino humano é fruto da tripla acção da necessidade, do acaso e dos seus
próprios actos.
O Homem armado com este conhecimento pode levar uma vida
feliz, tranquila e sóbria, desfrutando os prazeres autênticos, livre de dor
física e principalmente dos terrores da alma.
Um autor frutífero cuja obra se perdeu na quase totalidade
mas de quem os textos sobreviventes são indispensáveis para percebermos o mundo
em que vivemos.
A propósito dessa "permanência" dos clássicos, li um livro que talvez interesse. Partilho aqui: http://pedrices.blogs.sapo.pt/80541.html
ResponderEliminarBoas leituras!