A Nave dos Loucos por Katherine Anne Porter
Um navio parte da cidade
de Vera Cruz no México com destino ao porto alemão de Bermerhaven no Verão de
1931. Durante três semanas os passageiros e os tripulantes constituem uma pequena
sociedade flutuante fechada e ordenada. Como num reality show o leitor pode
acompanhar as opiniões e as acções de um conjunto de pessoas que viaja em
primeira classe.
Vemos surgir os alemães
cheios da sua mania de uma superioridade moral e intelectual, acompanhada do
mais odioso comportamento delator, de um repugnante anti-semitismo e da defesa
do criminoso eugenismo. Vemos os mexicanos agir com dignidade e firmeza, os
americanos sempre belicosos mas com alma ingénua e de algum modo artística. Os
cubanos folgazões mas cultos.
E esta fauna humana vai-se
mostrando como verdadeiramente é. Cobarde, odiosa, cheia de preconceitos,
incapaz de perceber a generosidade e o amor. Todos acabam por se expor ao ridículo
pelo seu comportamento. Todos acabam por mostrar a mesquinhes dos seus objectivos
e dos seus propósitos. Todos são humilhados por uma trupe de zarzuela composta
de chulos e prostitutas.
O livro contêm também uma
forte crítica social, com a massa dos emigrantes espanhóis expulsos de Cuba e que
ocupam a terceira classe, vistos como gado pelos viajantes de primeira classe,
a mostrar uma generosidade, uma coragem, um desprendimento quê não vislumbramos
nas classes superiores.
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