Radiografia Crioula
Uma entrevista e oito ensaios histórico-sociológicos
sobre Cabo-Verde organizados por Bruno Carriço Reis. Um conjunto ecléctico, sobrevoando diversos temas de perspectivas
diferenciadas.
A qualidade, infelizmente, não é uniforme
encontrando-se textos de elevado rigor conceptual e outros que se aproximam da
simples opinião desprovida da necessária prova empírica que a suporte e lhe dê consistência.
Entre os melhores estudos destaque para “O
Processo de Formação da Sociedade Cabo-Verdiana “ da historiadora Iva Cabral
que aborda o período entre o povoamento inicial das ilhas e o século XVIII
sobre o ângulo da composição étnica da população dos diversos estratos
sociais. A emergência e a ascensão dos mestiços na sociedade colonial da época.
Também bem fundamentado e argumentado é o
ensaio de José Carlos Anjos sobre “Praticas de Aborto nos Segmentos Populares
em Cabo-Verde” que se interroga sobre as causas da persistência do aborto
clandestino num país onde este é legal.
Destaque igualmente para a excelente resenha
histórica apresentada por Carlos Filipe Gonçalves em “Música de Cabo-Verde: da
Independência aos dias de hoje”. Um artigo que se torna indispensável para quem
queira abordar este tema.
Excelente também é a entrevista a Elísio
Macamo sobre as derivas e limitações dos “Estudos Africanos” produzidos na
Europa com limitado conhecimento do terreno, defendendo que é necessário “descolonizar
a mente” e uma forte colaboração pan-africana na área das ciências “com excepção
talvez da África do Sul e da Nigéria, não há em África uma massa crítica”.
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