EUA versus China de José Manuel Félix
Ribeiro
O conflito que vai moldar o desenvolvimento do
sistema internacional nas próximas décadas. A emergência pacífica da China como
potência económica e militar coloca desafios aos Estados Unidos a potência
dominante e recentrar o seu foco na zona do Pacífico.
O domínio da Ásia passa largamente pelo
controlo do Médio Oriente, já que quer a China, quer a Índia, o Japão e a
Coreia são fortemente dependentes do petróleo dessa região. As fontes e as rotas
de abastecimento do ouro negro são vitais para as economias asiáticas. Quem as dominar
terá influência decisiva na Ásia.
As implicações da nova centralidade deste
conflito para a Alemanha e para a sua política expansionista para Leste,
veja-se os acontecimentos de 2014 na Ucrânia, podem afetar gravemente o nosso
país. Políticas alternativas devem ser pensadas para cada cenário.
Félix Ribeiro apresenta uma análise muito
realista do ciclo de mundialização desencadeado a partir do final da década de 70,
assente no colossal deficit externo
americano, no domínio do dólar e da liberalização do comércio e da circulação
de capitais e das crises sucessivas que desde então assolam o mundo. A descrição
da crise do subprime, causas, curas e
consequências das políticas adotadas são aqui expostas com grande clareza.
O capítulo sobre o Euro, visto como um grande
erro estratégico da França, é particularmente penetrante na visão sobre a
Alemanha. Não resisto a citar algumas ideias:
- “A Alemanha é uma grande economia exportadora mas não é uma inovadora…”
- “A Alemanha não tem a dimensão nem a disposição para incentivar o conjunto da zona euro com estímulos à sua procura interna que pudessem por em causa a competitividade da sua indústria exportadora (e aliás se o fizesse os principais beneficiados seriam as economias de Leste e as economias emergentes…”
- “A Alemanha não está disponível para financiar diretamente os resgates dos Estados em dificuldades, e por isso tem de impor em prazos curtíssimos processos drásticos de consolidação orçamental sustentada; sendo que no caso dos Estados da Europa do Sul o único meio que dispõe para assegurar a continuidade deste processo é manter esses Estados sob o peso de dívidas incomportáveis cujo refinanciamento dependa em última instância da sua concordância ….”
- “A Alemanha não aprece estar interessada no espaço do Mediterrâneo …
Uma análise prospetiva de grande profundidade
e rigor que desenha cenários realistas sobre o que nos espera num horizonte de
20 anos.
O Professor José Manuel Félix Ribeiro é o pai
e o grande impulsionador da investigação prospetiva em Portugal, ainda uma área
de saber muito titubeante entre nós. Tem desenvolvido um trabalho notável. Este
livro é um bom exemplo.
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