O Valor da Arte de José Carlos Pereira
O que vale uma peça de arte? Que impacto tem
o mercado na formação do preço? E quem são os intervenientes neste mercado tão
especial? Que peso tem o fator estético na valoração de uma obra de arte? Qual
a função das políticas públicas de apoio às artes?
Na era do neoliberalismo a Arte está em risco
de se tornar uma atividade económica como outra qualquer. “A articulação da arte e da criação artística com as empresa e com as
diversas marcas de produtos, e até de instituições, tende a submeter
progressivamente o sistema das artes a uma lógica empresarial”. O fim da
arte como forma de expressão humana e a sua transformação numa indústria sem
alma.
Em Portugal o apoio à criação artística é
diminuto e errático “assiste-se com frequência,
a uma produção de instrumentos legais que, ou não são regulamentados, ou
rapidamente são substituídos por outros, sem efetiva possibilidade de avaliação
dos seus efeitos”. Acresce que a qualidade é substituída pela “satisfação de clientelas políticas,
interesses meramente partidários, económicos, ou de conjuntura”. Os artistas
acabam por “emigrar, ou aceitar empregos
precários”. Nestas circunstâncias os resultados são, como se poderia
esperar, muito fracos, criando “uma
enorme discrepância entre o índice de práticas culturais em Portugal e nos
restantes países da União Europeia” e afastando Portugal do centro da
produção artística mundial.
Um livro que se perde um pouco na profusão de
temas que aborda com desigual profundidade, a teoria das artes, as correntes
estéticas, os vários intervenientes no mercado, as políticas estatais de promoção artística e de formação de públicos.
Não deixa contudo de ser uma boa introdução
polifacetada ao mundo da valoração da Arte.
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