Luta
de Classes em Portugal por Paul Sweezy
Em Julho de 1975 o eminente Professor Paul
Sweezy, célebre marxista norte-americano, que com o seu colega Paul Baran
animou durante décadas a revista Monthly Review, visitou Portugal durante duas
semanas para se inteirar diretamente sobre o processo revolucionário português.
Dessa viagem e do acompanhamento da revolução
portuguesa resultaram vários artigos publicados nos meses de Setembro e Outubro
de 1975 na Monthly Review que depois foram traduzidos e publicados, já em 1976,
entre nós.
Paul Sweezy começa por desmistificar a imagem
desfocada de Portugal “ como país
atrasado e subdesenvolvido, que penso ser corrente nos Estados Unidos e noutros
países desenvolvidos e que estava firmemente implantada no meu próprio espírito
é profundamente enganadora”.
Daí que a revolução portuguesa pudesse ter
tido uma importância histórica de alcance mundial “A acontecer uma revolução em Portugal, não seria já uma revolução das
do Terceiro Mundo, mas a primeira a verificar-se num país capitalista
metropolitano. E esse seria sem dúvida um acontecimento de consequências e
implicações de grande alcance”. Poucos meses depois, contudo, o golpe de 25
de Novembro pôs cobro ao processo revolucionário.
Da sua análise das classes em confronto e dos
partidos que as representam centra-se na necessidade de unidade entre as forças
de esquerda e critica aqueles que não reconheceram o ataque às sedes do Partido
Comunista como “sinal quase certo de um
perigo terrível” e os que confundiram a importância da contradição
principal entre burguesia e povo e as contradições secundárias no seio do povo.
Elogia o MFA mas critica a precipitação na
marcação das eleições. A participação de soldados, sargentos e oficiais no
processo revolucionário mostra-lhe que uma solução como a do Chile, sangrento golpe
militar seguido da reposição do fascismo, seria muito difícil mas antevê outras
formas de recuperação do poder pelas velhas elites.
Premonitoriamente escreve que ”Em Portugal, a «situação nacional» é uma
economia capitalista em crise. É coerente propor, como faz a Esquerda
revolucionária, que o sistema seja derrubado e instituído um processo de
transição socialista. Mas, a não ser isso, a única alternativa válida é dar aos
capitalistas, sejam eles portugueses ou estrangeiros, o que for necessário para
lhes restaurar a confiança e os persuadir a recomeçarem a investir”.
Um livro interessante, escrito a quente
durante o PREC, mas cuja análise é um contributo analítico relevante para a
História da revolução de Abril em Portugal.
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