História de quem vai e de quem fica de
Elena Ferrante
Neste terceiro livro da tetralogia iniciada
com a Amiga Genial Elena Ferrante continua a contar-nos a história das duas
amigas napolitanas numa Itália em transformação.
Como pano de fundo político, em plenos anos
70 do século XX, vemos o esquerdismo irromper nas universidades, o PCI começar
uma suicida aproximação à Democracia Cristã, o terrorismo fascista a matar
impiedosamente e alguns grupos de esquerda a responder na mesma moeda.
No plano social encaramos uma Itália a duas
velocidades, o país das fábricas de enchidos sem condições de higiene e em que
os direitos laborais são sistematicamente desrespeitados ao lado da Itália dos
centros mecanográficos que albergavam os primeiros e mais modernos computadores.
Duas velocidades que são as duas faces da mesma moeda: a do sistema capitalista
com a exploração e a desigualdade, com a acumulação de riqueza num pólo e a
pobreza e miséria de muitos no outro.
Nos costumes o divórcio, a união de facto, a pílula e a liberdade sexual afirmam-se como realidades. O feminismo levanta-se
e as mulheres começam a organizar-se mas, em contraponto, a máfia continua a
reinar e a prosperar em boa parte do país. As viagens de avião, até aí
exclusivo das elites, começam a chegar lentamente a um público da classe média.
A história cobre regiões muito diferentes,
temos Milão das editoras e do pensamento mais arrojado, vemos Florença e a sua
Universidade e, naturalmente, o centro dos acontecimentos contínua em Nápoles.
Os destinos das duas amigas aparta-se e
abeira-se como as marés aproximam e afastam as águas da costa. Mas a sua
relação é mais forte que a distância e que o tempo.
Uma trama, de tons autobiográficos, que
através das vidas de Lina e Lenu e das respetivas famílias e amizades nos
relata de forma cativante e fluída a evolução da Itália dos anos 60 aos nossos
dias.
Elena Ferrante é um pseudónimo literário que
esconde a verdadeira e desconhecida identidade da autora. Várias tentativas de expor
o seu verdadeiro nome falharam redondamente. O mistério continua alimentando uma
discussão inútil, embora provavelmente comercialmente lucrativa, que nada
acrescenta sobre a valia da obra e até, infelizmente, a apouca.
Nunca li esta autora. Ao ler este resumo percebi o "estar" de umas amigas italianas. Agora ando a ler Machado de Assis. Gosto
ResponderEliminar