União Nacional por Francisco Nobre
Guedes
Francisco Nobre Gudes foi um dos primeiros
dirigentes da União Nacional o braço político civil da ditadura salazarista.
Este opusculo é a reprodução da conferência que proferiu no Centro de Estudos
Corporativos em 1936. A publicação era “reservada
ais membros das brigadas doutrinadoras da U.N.”
É um texto com elevado valor histórico pelo
que nos permite compreender desta organização política totalmente controlada
pelo ditador, mas que nunca teve a importância de partidos políticos como o
Partido Fascista em Itália ou o PNSA na Alemanha. Na verdade enquanto nesses
países o fascismo organizou-se em partido com vista a tomar o poder em Portugal
Salazar toma as rédeas do Governo a partir de um golpe militar.
Assim não é de admirar que a União Nacional
seja constituída de dentro para fora, i.e. das estruturas do Estado para a
sociedade civil “Com um comando sem
faculdades de actuação suficiente, não é de estranhar a maneira como foi
estabelecida a primeira rede de Comissões locais. Na totalidade, pode dizer-se,
foram compostas pelos Governadores Civis”.
Por outro lado as sua subordinação completa
ao Governo retirava-lhe margem de manobra, mesmo nas menores questões locais “Imaginemos que o Ministro do Interior nomeou
um Governador Civil de qualquer modo estranho à U.N.. A atitude desta não pode
ser outra senão a de perfeito acatamento, e o Governador nomeado deve receber
das Comissões locais todo o apoio possível”.
Outra diferença notória é a inutilidade de
formar um partido de massas quando já se está fortemente entrincheirado no
Poder, altura em que o importante é recrutar as elites “A nossa política é fundamentalmente política de qualidade; esta, sim,
que é a primeira razão”.
Em resposta às críticas dos que pretendiam
fazer dela um espelho dos partidos-irmãos explica “Em primeiro lugar, em Itália e na Alemanha o «partido» tem uma missão
superiormente determinada, de que lhe advêm atividades responsáveis, que não
sofrem comparação com as que tem a União Nacional; em segundo manda o nosso bom
senso que se reconheça que o povo italiano de hoje, e o povo alemão de sempre,
não são em matéria de disciplina e compreensão política, o que é o povo
português, por enquanto”.
Um texto relevante para a compreensão do
papel da União Nacional no desenho institucional do Estado fascista português
de António Salazar.
Sem comentários:
Enviar um comentário