domingo, 23 de maio de 2010

A Ciência como Profissão







A Ciência como Profissão de Max Weber



Max Weber aborda a questão da Ciência, do contributo que esta pode dar mas também sobre o que ela não pode nem deve oferecer. Procurarei reter as ideias principais em 10 tópicos:

1. “As condições exteriores da profissão académica”. Compara aqui os sistemas de ensino universitário alemão e norte-americano.



2. A ciência e a arte. A ciência como conhecimento efémero, porque em constante progresso, em que cada avanço é logo ultrapassado por novos saberes. A arte como eterna, cada obra “plena” não podendo nunca ser suplantada.



3. Os ingredientes básicos da ciência. O “Conceito” que surge na antiguidade grega, e a “Experimentação”, filha do Renascimento.



4. O sentido da Ciência ao longo do tempo. “... Uma vez que se afundaram todas as anteriores ilusões: «caminho para o verdadeiro ser», «caminho para a verdadeira arte», «caminho para a verdadeira Natureza», «caminho para o verdadeiro Deus», «caminho para a verdadeira felicidade»...”.



5. A Ciência não tem sentido. “ A resposta mais simples, deu-a Toslstoi com as seguintes palavras «Ela [a Ciência] não tem sentido, pois não dá resposta à pergunta que é a única importante para nós: Que havemos de fazer? Como havemos de viver?». Que ela não dá essa resposta é um facto, pura e simplesmente, indiscutível.”



6. Pressupostos da Ciência. Todas as Ciências assentam em pressupostos indemonstráveis. “Portanto a Estética não procura saber se deve haver obras de arte”



7. O político, o religioso e o cientista são actividades distintas que não devem ser misturadas. O professor não deve em circunstancia alguma fazer passar as suas convicções políticas ou religiosas aos alunos sob a capa de conhecimento científico.



8. Não o deve fazer porque a ciência desencantou o mundo. No mundo moderno vários sistemas de valores conflituam, sem que nenhum valor se sobreponha aos restantes. As escolhas são pessoais e a Ciência nada consegue dizer sobre os valores. “Quem se atreverá a «refutar cientificamente do Sermão da Montanha, por exemplo, a norma de «não resistir ao mal» ou a parábola que manda oferecer a outra face?”.


9. Os quatro contributos da Ciência:
a) “Proporciona, evidentemente, conhecimentos sobre a técnica que permite, através do cálculo, dominar a vida, tanto as coisas materiais como até o comportamento humano
b) “Proporcionar métodos de pensamento, o apetrechamento e a formação para esse efeito
c) “ Ajuda a alcançar uma terceira coisa: a lucidez
d) Mostrar as consequências da acção. ” obrigar o individuo – ou, pelo menos, ajudá-lo nisso – a prestar contas a si próprio sobre o sentido último do seu procedimento



10. A crença acrítica não tem lugar na ciência. “O «sacrifício do intelecto» só é efectuado legitimamente, pelo discípulo perante o profeta, pelo crente perante a Igreja”.

A invenção do dia claro


A invenção do dia claro de Almada Negreiros


Um jovem parte à descoberta do sentido da vida, do lugar do Homem no Universo. A viagem é longa, cheia de experiências amargas e dolorosas, mas, no final, reveladora.

Não foi, portanto, sem orgulho que constatei que era precisamente por causa de cada um de nós que havia o universo.” O universo surge, assim, como construção humana, não como algo exterior, real, material, mas como fruto da mente por trás dos olhos que o perscrutam. Uma posição metafísica, idealista, surpreendente, no mau sentido, e dificilmente compreensível num pensador do século XX.

O estilo é rebuscado, num misto de futurismo surrealista e romântico lamechas. Algumas frases preciosas, muitas das quais sem conexão directa com a lógica do texto. “A rosa encarnada cheira a branco”.

A mensagem do dia claro, pelo contrário, sabe a mofo.


domingo, 9 de maio de 2010

Making Democracy Work

Making Democracy Work de Robert D.Putnam


No inicio dos anos 70 a Itália abandonou o sistema político centralizado adoptando uma extensa regionalização. Robert D. Putnam acompanhou de perto durante duas décadas a institucionalização dos novos poderes regionais.

Algumas regiões mostraram ser muito mais bem sucedidas do que outras. Particularmente as regiões geridas pelo, hoje defunto, partido comunista italiano, revelaram maior dinamismo, crescimento e maior satisfação dos eleitores com as políticas seguidas. Porque aconteceria tal fenómeno? Porque é que instituições criadas simultaneamente tinham tão grande disparidade de desempenhos?

A resposta, segundo Putnam, encontra-se no capital social, na forma como as pessoas se relacionam entre si. Nas regiões bem sucedidas existe um forte capital social, as pessoas pertencem a várias associações e redes de intervenção social e cívica, confiam umas nas outras e procuram contribuir para a resolução dos problemas, a igualdade social e política é muito maior. Nas regiões com pior desempenho a corrupção alastra, o clientelismo impera, o capital social é baixo, as pessoas estão atomizadas e não confiam nas que não pertencem ao seu núcleo familiar.

Um livro extraordinário. Importante para a reflexão sobre o nosso país.


Sobre o suícidio


Sobre o Suicídio - Jacques Peuchet com introdução de Karl Marx

Marx apresenta um texto de Jacques Peuchet sobre o suicídio. O que interessa a Marx neste texto é dar um exemplo da superioridade de análise da crítica social francesa relativamente à inglesa e à alemã. Marx aqui não subscreve nem antagoniza, porque nem sequer comenta, as teses Peuchet.

O livro devia ser apresentado como um texto de Peuchet com uma breve introdução de Marx e não como se fosse uma obra de Marx. A apresentação que Marx faz do texto e do autor ocupa apenas uma folha numa obra de cerca de 50 páginas.


sábado, 1 de maio de 2010

Contos de Poe


Contos de Poe
adaptação de Denise Despeyroux e desenhos de Miquel Serratosa


Este livro de Banda Desenhada consegue recrear de forma magnífica o ambiente sombrio, misterioso e tétrico em que se desenrolam três contos de Egar Alan Põe, O Escaravelho de Ouro, o Método do Dr. Alcatrão e do Professor Pena e A queda da Casa de Usher.

Miquel Serratosa é um jovem artista catalão, ainda há pouco saído da Universidade. Vamos seguramente ouvir falar dele.