sábado, 22 de janeiro de 2022

O Poder da Geografia

O Poder da Geografia por Tim Marshall

 

Tim Marshall (n.1959), inglês, é um jornalista comprometido. Um jornalista ao serviço de uma ideologia, o neoliberalismo, de uma potência, os Estados Unidos, e não um repórter independente ou um académico neutro. Não admira, pois, que este livro esteja pejado de preconceitos, insultos e inverdades.

 

Na verdade o livro contém pouco de geografia, alguma história truncada e muito de ideologia tornando-se, em muitas passagens, indigesto para o espirito independente e crítico.

 

Abordam-se nove países e uma nova fronteira de expansão e ocupação humana, o espaço. As preferências do autor são visíveis quando se compara o tom e a análise em que se aborda o Reino Unido e o Irão, ou a Espanha e a Turquia. A adjetivação abundante, negativa nuns casos, lisonjeira noutros, afasta o livro de obra séria.

 

É curioso que se escreva um capítulo inteiro sobre Espanha, sua geografia e sua história, quase sem referir Portugal, o país cuja geografia física e humana e História está mais estritamente ligada ao reino vizinho.

 

O capítulo final sobre o espaço é importante por incluir esta nova fronteira onde se têm vindo a desenvolver projetos militares visando o controlo do planeta. Mas a abordagem enviesada não permite uma boa visão sobre o tema.

 

Em suma mais do que um livro sobre geografia é um livro de propaganda ideológica com alguns laivos de geografia e história, mas esta, amiúde, errada e truncada. A ler com muito cuidado.


 

domingo, 16 de janeiro de 2022

A identidade cultural na pós-modernidade

A identidade cultural na pós-modernidade por Stuart Hall

 

A globalização veio alterar as identidades culturais dos vários países, descentrando-as, moldando-as e fazendo emergir novas e mais diversificadas identidades. Não mais as identidades podem ser estáticas, sendo agora dinâmicas e em constante mutação.

 

A globalização age sobre as identidades comprimindo o espaço-tempo, pondo em contacto culturas diferentes, fazendo com que acontecimentos distantes tenham impacto imediato nas sociedades em que vivemos. No entanto o impacto da globalização não é igual em todo o lado, o que dá origem a geometrias de poder complexas.

 

O ressurgimento de nacionalismos tradicionalistas e racistas é uma reação primária e contraproducente, mas perigosa, à globalização e à diversidade a ela associada.

 

Um livro necessário à compreensão do mundo em que vivemos.

 

Stuart Hall (1932-2014), foi um académico Jamaicano Negro, ensinou na Universidade de Birmingham no Reino Unido, e aí desenvolveu a teoria da Receção. Efetuou numerosos estudos sobre as identidades com base nas suas representações. Militante de esquerda e antirracista fundou a New Left Review, ainda hoje uma referência de pensamento de esquerda no Reino Unido, na década de 50.


 

sábado, 15 de janeiro de 2022

Atlas Histórico de África

Atlas Histórico de África

 

Uma obra ambiciosa, construída com a contribuição de dezenas de académicos franceses, que pretende mapear, localizar, a história do continente africano desde a aurora do ser humano até à atualidade.

 

Em capítulos curtos, muito sintéticos, usando uma linguagem clara e direta, e apoiados em mapas e quadros vemos desfilar sob os nossos olhos milhares de anos de história.

 

A edição francesa é extraordinariamente bem editada, os mapas são bem impressos, as cores bem escolhidas, o texto está completo. Em contrapartida a edição portuguesa, da Guerra & Paz, é desleixada e no livro que comprei as páginas 97 a 112 estavam repetidas.

 

Um livro que desfaz o mito colonialista de uma África sem história entes da chegada dos opressores europeus.

 

Organização de François Xavier Fauvelle e Isabelle Surum dois grandes especialistas em História de África. Guillaume Balavoine responsável pela infografia é um historiador cartógrafo com enorme experiência. Assinale-se um contributo português, o de Catarina Madeira Santos, professora na École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, que é autora do capítulo sobre o Reino do Kongo (séculos XV-XVII).