domingo, 24 de maio de 2020

Histórias Verdadeiras


Histórias Verdadeiras por Pedro Paixão

Um livro de pequenos contos, reflexões sobre a vida, as relações humanas, uma procura desencantada, racionalizada, experimentada do âmago do amor. Uma frase chave “andamos há cem anos à procura de uma coisa que sabíamos não poder sequer existir”.

As histórias incluídas nesta obra são muito desiguais em profundidade, qualidade de escrita e relevância humana, resultando num quadro geral estranho e pouco impressivo.

O triângulo amoroso surge como uma preocupação central que bifurca para os dilemas da escolha, e da sua multiplicação como no conto que tem como personagem central Rita.

A doença bipolar de que sofre o autor transparece a espaços embora predomine uma atmosfera depressiva, como em alguma literatura nórdica, e as alegrias, apresentadas a maioria das vezes como memórias, factos passados, muitas toldadas por um filtro negativo de lágrimas e desilusões.

Pedro Paixão (n. 1956) é um escritor português com vasta obra publicada. “Histórias Verdadeiras” publicado em 1994 é um dos seus primeiros livros.

sábado, 16 de maio de 2020

Economia Portuguesa Hoje: Mitos e realidades





Economia Portuguesa Hoje: Mitos e realidades por Elisa Ferreira

Uma Conferência proferida por Elisa Ferreira, a portuguesa da Comissão Europeia chefiada pela alemã Ursula van der Leyen nos idos anos 90 do século passado em Matosinhos.

Aborda três mitos da sociedade portuguesa, que passados 30 anos, continuamos a observar no sistema social e político português. O primeiro sobre as vantagens da União Europeia e dos fundos recebidos: “em termos de PIB per capita e de rendimento nacional disponível per capita … a posição relativa que Portugal ocupava em 1960 – o 22º lugar – é a mesma que ocupa atualmente”. Ou seja os fundos não nos aproximaram dos outros. Uma constatação que se tornou ainda mais verdadeira quando nas décadas posteriores a este texto os fundos não nos ajudaram a progredir como fizeram com que ficássemos cada vez mais para trás – em 2019 a nossa posição era 26º (muito pior do que em 1960.

O segundo mito prendia-se com as ilusões que grassavam então entre a elite académica e política de que Portugal se ia, milagrosamente, modernizar deixando para trás as indústrias tradicionais (têxtil, calçado, vestuário) e especializar-se nas indústrias de ponta – “Pensou-se mesmo – isto foi dito e divulgado – que Portugal poderia passar diretamente de forma voluntarista, das indústrias que sabia fazer para as que gostaria de saber fazer…”. Esta ideia absurda continua a fazer caminho depois de se ter revelado absolutamente falsa. Oiça-se o telejornal, leia-se os jornais especializados e não se ouvirá, nem lerá uma linha sobre têxtil, calçado ou vestuário, as indústrias invisíveis, mas sim uma profusão de histórias sobre novas tecnologias, e alta tecnologia, áreas em que no máximo teremos algumas pequeníssimas empresas sem expressão nos mercados mundiais.
Terceiro mito: Portugal uma economia de mercado. Elisa Ferreira diz-nos o que já sabíamos “poucas empresas, instituições ou indivíduos conseguem sobreviver fora da teia … dos fundos”. E estes são absolutamente controlados pelo Estado.

Quarto mito: não podemos regionalizar porque somos muito pequeno. Olhemos à nossa volta e veremos a regionalização a florescer por muitos países da nossa dimensão.

Quinto mito: a culpa é do Governo. Diz-nos que não, que é também de empresários e outros decisores. Tem razão.



Uma conferência de 1995 que mantém plena atualidade em 2020. Mostra como as nossas elites não aprendem com o erro. Porquê: naturalmente porque em vez de penalizadas pelos erros são beneficiadas por essas decisões erradas.