A Festa da Insignificância por Milan Kundera
O
regresso aos temas de sempre a leveza da
vida contraposta, sobreposta, justaposta ao peso da necessidade, da criação de
tudo o que tem valor. De um lado a seriedade, o fardo da responsabilidade do
outro a alegria, duas concepções filosóficas da vida sempre em confronto no
interior do ser humano tal como Milan Kundera o entende.
De
alguns episódios da vida de quatro amigos, e de uma anedota sobre Estaline o
autor faz uma ilustração de duas correntes filosóficas em diálogo. É Schopenhauer
quem tem razão e a dá a Estaline, um homem que dedicou toda a sua vida e
vontade a defender uma visão do mundo, uma representação da realidade? Ou é
Estaline que, pela sua prática, dá razão a Schopenhauer? E será a quebra dessa
vontade que explica a queda da União Soviética? E que importância têm estas
questões perante a morte?
Como
sempre aos olhos dos franceses os portugueses devem ocupar o lugar de
empregados da limpeza, humildes, ignorantes, ingénuos e na sua inocência
primitiva possuírem bom coração. O mito racista e paternalista francês que olha
o português como o bom selvagem aqui também espelhado. Francamente mau vindo de um escritor com a envergadura, a experiência e a idade de Kundera que devia saber melhor do que reproduzir estereótipos xenófobos.