sexta-feira, 29 de julho de 2022

É Março e é Natal em Ouagadougou

 

É Março e é Natal em Ouagadougou por António Pinto Ribeiro

 É um prazer aprender sobre arte contemporânea com António Pinto Ribeiro, não que o livro procure dar lições sobre o tema, mas pela profusão de referências, alusões, citações dos artistas e obras. Apetece ler o livro em frente da internet para de imediato vermos os quadros, as esculturas, as danças ou simplesmente ouvirmos as peças que menciona e que em geral são pouco ou nada conhecidas em Portugal.

Mas este é também um diário de viagens que deambula pelos quatro cantos do mundo e percorre os continentes, pousando em cidades tão diferentes como Ouagadougou, Burkina Faso, onde assiste ao Festival Pan-africano do Cinema e da Televisão a Nova Iorque, uma cidade encarcerada sobre muros e proibições, logo no aeroporto à chegada“ a lista de interdito é extensa: não é permitido usar telemóvel, é proibido parar, é proibido fotografar, não é permitido voltar para trás, não se pode recusar ser fotografado, não se pode recusar registar as impressões digitais …”.

António Pinto Ribeiro (n. 1956) é um académico português das Artes e da Programação Artística.

terça-feira, 26 de julho de 2022

Niketche

 

Nitektche – Uma História de Poligamia

 

Um hino sofrido, sentido, sincero e universal à força, à inteligência, à sensibilidade, à resistência e à luta da Mulher num mundo ainda em toda a parte dominado pelo homem. Uma declaração de amor a todo um país diverso em que de norte a sul e este a oeste as populações mantém os seus costumes, tradições e línguas próprias; uma lição de geografia humana no que respeita à forma como cada grupo encara o casamento, o amor e a vida no Moçambique contemporâneo; uma descida ao âmago da poligamia que a expõe, desmistifica, desconstrói e denuncia como forma insatisfatória e destrutiva das relações conjugais, como forma dolorosa para as mulheres e homens que nela se enredam.

 

Um romance com personagens vivas, atuantes, que tomam a vida nas suas próprias mãos e procuram mudar o mundo que as rodeia. Um romance extraordinariamente bem urdido, uma linguagem que nos encanta e prende, um fluir que nos surpreende e ensina.

 

Paulina Chiziane (n. 1955), escritora moçambicana. Primeira mulher do seu país a publicar um romance. Venceu o Prémio Camões em 2021. Um prémio bem atribuído. Se tiver quem a proponha, traduza e edite pode ser uma próxima Prémio Nobel.

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Poesia Angolana de Revolta

Poesia Angolana de Revolta

 

Uma antologia de mais de trinta poetas angolanos dos tempos da luta de libertação anticolonial. Incluiu um leque bastante alargado de autores, que vão de Agostinho Neto a Viriato Cruz, passando por António Jacinto, Maria Corça e Amélia Veiga.

 

Poesia de revolta, de denúncia, de combate, poesia que desperta consciências, que nos alerta e nos desperta.

 

Inclui poemas conhecidos como “Monangamba” e “Castigo pró comboio malandro” ambos de António Jacinto, “Mamã Negra” de Viriato Cruz, “Criar” de Agostinho Neto e tantos outros. Aqui encontramos também dois poemas de Deolinda Rodrigues de Almeida (1939-1967), conhecida como Mãe da Revolução, escritora, poetisa, radialista e membro do MPLA, fundadora da Organização das Mulheres Angolanas (OMA), capturada, torturada e executada.

 

Alguns versos: “O algodão de Angola só será branco / quando Angola for independente”, “evade-se aproveitando a neblina onde reside”, “criar amor com os olhos secos”, “Quem capina e em paga recebe desdém / fuba pobre, peixe podre, / panos ruins, cinquenta angolares/«porrada se refilares»?.

 

Um livro publicado nos idos de 1975, difícil de encontrar hoje, pois apenas disponível em alfarrabistas, mas que merece reedição e integrar o Plano Nacional de Leitura para jovens, para que percebam o horror do colonialismo e a guerra colonial.