Contra a Eutanásia por Lucien Israel
Uma longa entrevista ao médico oncologista
francês Lucien Israel versando múltiplos aspetos da medicina, na relação
médico-doente e da relação da sociedade com a doença e com a morte.
Lucien Israel é um agnóstico, não é crente de
nenhuma religião nem ateu, deixando claro que as suas opiniões, como no fundo
todas, relevam “da reflexão e da
sabedoria” apoiadas na ciência.
Israel defende que o médico não deve estar “nem ao serviço da ciência nem ao serviço da
comunidade: o médico está ao serviço do seu paciente. É tudo. E o paciente tem
todo direito de receber o tratamento adequado. Obviamente, a ciência é
fundamental para a medicina, mas continua a ser uma prática separada”. Não
estar ao serviço da ciência significa não sacrificar o doente à experiência
científica, não o tornar numa mera cobaia, não estar ao serviço da comunidade
significa nunca sacrificar o doente a imposições externas que imponham o fim do
tratamento por razões económicas.
Este médico defende que é sempre importante
prolongar a vida do paciente, principalmente hoje em que, mais do que nunca, a
ciência avança rapidamente “É possível
que alguém a quem hoje “se concedem” seis meses de vida, possa beneficiar, ao
cabo de quatro ou cinco meses, de um tratamento que lhe dará quatro anos e que,
depois, dentro de três anos, de outro tratamento que lhe dará mais dez.
Enquanto há vida há esperança”.
Argumenta contra a eutanásia desmontando os argumentos
dos defensores desta forma de assassinato afirmando que é sempre possível
eliminar a dor nos doentes e manter a sua dignidade. Aliás a condição de doente
ou de idoso não é indigna mas sim profundamente humana. Os sãos e os jovens é
que classificam de indigna a situação dos outros.
Preocupante são as pressões económicas e pessoais
da família, do pessoal médico e da sociedade sobre o doente para que peça a
eutanásia. A situação em alguns países é tão forte que os reformados procuram
proteção noutros países que não pratiquem a eutanásia e em que possam ter
confiança nos médicos – “Não é por acaso
que muitos anciãos holandeses se estabelecem em França: esperam que aqui não
sejam mortos tão facilmente. Um paciente perde rapidamente a esperança; bastará
dizer-lhe que já não há mais nada a fazer e pronto”.
Uma frase final “Bastará pensar naquele médico holandês, particularmente determinado a
servir o próximo, que efetuava seis eutanásias por dia! Como poderei pensar que
exerço a mesma profissão que ele?”. Tem razão, ele é médico o outro um …
Um livro indispensável para quem quer ter
opinião sobre este tema.