quinta-feira, 15 de junho de 2023

O mundo de amanhã

O mundo de amanhã por Carlos Gaspar

 

Carlos Gaspar é um dos mais profundos, cultos, talentosos e experientes geopolíticos portugueses mantendo um olhar atento às mudanças do mundo e acompanhando as transformações que têm acontecido nestas últimas décadas. Neste ensaio mostra-nos a evolução do posicionamento das grandes potências e procura situar a posição de Portugal no mundo.

 

Do mundo bipolar da Guerra Fria ao mundo multipolar de amanhã passando pelo momento unipolar de supremacia absoluta americana e pela fase de transição que hoje atravessamos, Carlos Gaspar guia-nos através da história contemporânea, explicando acontecimentos, comentando decisões, expondo teorias, debatendo ideias.

 

No entanto, excessivamente ancorado no determinismo geográfico, um erro comum aos que se dedicam ao estudo da geoestratégia e da geopolítica, não consegue ver o nosso país senão como parceiro da Espanha, membro da União Europeia e integrado na NATO.

 

Ora durante séculos Portugal e Espanha mantiveram alinhamentos estratégicos antagónicos e foram mesmo esses diferentes alinhamentos que nos permitiram sobreviver como nação formalmente independente e não ser engolidos pela monarquia vizinha. Atualmente este excessivo alinhamento com Madrid acaba por criar uma profunda dependência, ao nível económico e político, de nuestros hermanos.

 

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Portugal no Século XX – Os anos 20

Portugal no Século XX – Os anos 20 por César Santos Silva

 

A terceira década do século XX apresentada nas suas múltiplas perspetivas: política, económica, demográfica, cultural. O retrato de um tempo de transição de uma democracia liberal, elitista, censitária, excludente das mulheres e de vastas camadas da população substituída transitoriamente por uma ditadura militar, para um regime fascista, o Estado Novo liderado incontestavelmente por Salazar.

 

Anos de inflação, pobreza, instabilidade política, uso da violência como forma de afirmação política, instrumentalização das forças armadas, estagnação económica, mas também de chegada, ainda que tardia, de algumas tecnologias novas, como a rádio e o cinema.

 

O livro dá pouca atenção à questão colonial, não refere o Movimento Negro da I República, não aborda a questão laboral e só muito de leve analisa o problema social. Muito centrado na cidade do Porto o restante território nacional, incluindo a Capital, estão sub-representadas. Estas lacunas impedem a apresentação de uma ideia correta da sociedade portuguesa nos anos 20 do século XX, apresentando-nos apenas uma visão muito parcial e parcelar.

 

O autor, César Santos Silva, é especializado na História do Porto.


 

sábado, 3 de junho de 2023

Segredo Ardente de Stefan Zweig

Segredo Ardente de Stefan Zweig

 

A descoberta do mundo dos sentimentos, da realidade social, da própria existência, da liberdade de ação, da vontade de aprender, crescer, ser respeitado e amado, descritas com minucia e detalhe. A desilusão, o afastamento e o reencontro próprios do processo de crescimento da criança prestes a entrar na adolescência, revelados através de história passada numa estância de férias.

 

O autor desvenda-nos, passo a passo, o processo sofrido, angustiante mas necessário e inevitável de alargamento da consciência e compreensão do mundo, que leva o um jovem de doze anos das agradáveis, ingénuas e despreocupadas trevas infantis ao limiar do mundo adulto.

 

Um véu tolda ainda a sua visão do mundo, impedindo-o de ver o óbvio, mas impelindo-o a descobrir a verdade num percurso cheio de mal-entendidos mas que conduz ao crescimento e à afirmação de uma personalidade forte e corajosa.

 

Stefan Zweig (1881-1942), intelectual e escritor de nacionalidade alemã, oriundo de uma família de judeus abastados. Perseguido pelo nazismo refugiou-se no Brasil, onde se veio a suicidar em conjunto com a mulher em Petropolis cidade que conta com uma grande comunidade alemã. Esta pequena novela data de 1913.