A Herança de Eszter
A história intensa sobre um manipulador que vive de sugar as suas vítimas até à última gota e de como estas se entregam, vez após vez, de forma lúcida, a todas as suas maquinações.
A irracionalidade, a sedução, a teatralização, as armadilhas morais finamente tecidas criam todo um ambiente psicológico em que a vítima, Eszter, se enreda e acaba, como que hipnotizada, por se deixar levar mais uma vez na canção do bandido, pensando agir de forma desinteressada e para expiação de culpas ilusórias.
Aqui se recorre à ideia de destino fatal, de que tudo o que se começa deve inexoravelmente acabar da mesma forma de que se iniciou, de que as velas ardem até ao fim, expressão usada no texto e que serviu de título a outra obra do mesmo autor.
O apelo e o fascínio do citadino sobre a pequena burguesia rural, a ingenuidade e a fraqueza do camponês, o desprezo do rico face ao remediado, a forma como o primeiro explora o sentimento de inferioridade do segundo para seu proveito.
Sándor Márai (1900-1989), húngaro, nascido na atual Eslováquia mas então Império Austro-húngaro, mais tarde, naturalizado norte-americano, foi um escritor desprezado no ocidente, nomeadamente nos Estados Unidos onde viveu desde 1948, quando decidiu auto exilar-se. Suicidou-se com um tiro de revolver em San Diego na Califórnia onde vivia.
