Nave-Mundo de Brian Aldiss
A sociedade que se desenvolve no interior de
uma nave espacial quando um acontecimento extraordinário e inesperado impede a
boa continuação da missão que lhe fora confiada. Uma nova religião emerge,
tribos digladiam-se, mas o ser humano prossegue apesar de todas as agruras a
sua longa busca pela verdade e por entender e determinar o seu próprio destino.
A saga de Complain pelos caminhos mortos desde
a sua tribo até à sociedade mais avançada de Vante, a descoberta de seres
misteriosos e finalmente o desvendar do segredo da Nave.
Nave-Mundo, denominada no original Non-Stop,
editada em 1958, é uma alegoria sobre a sociedade humana e uma reflexão sobre o
efeito destrutivo de catástrofes sobre a civilização.
Um tópico de índole ética dominam todo o
livro: o “direito a saber”. Terão certas pessoas o direito de esconder dos seus
semelhantes a verdade como base no argumento de que ela é desagradável ou
propicia a criar pânico? O livro inclina-se para uma resposta negativa a esta
pergunta, ficando claro os malefícios deste silenciar dos factos.
Contém também uma curiosa temática ambiental
sobre os efeitos devastadores da ingestão de alimentos não naturais. O tempo, o
amor e o poder são igualmente tópicos abordados.
Em Portugal predomina um preconceito, há
muito ultrapassado noutras bandas, contra a literatura de ficção científica que
a classifica com género secundário. Este livro, lido com atenção nas suas múltiplas
facetas temáticas, ajuda a desfazer estas ideias erradas.
Brian Aldiss (n. 1925) é um dos grandes
escritores ingleses de ficção-científica e membro da Real Sociedade de
Literatura britânica.