sexta-feira, 22 de abril de 2011

Manifesto dos Economistas Aterrados





Manifesto dos Economistas Aterrados - Crise e dívida na Europa


Um Manifesto oportuno e corajoso que ousa ir contra a corrente fazendo uma critica profunda do modelo neo-liberal europeu, rebatendo 10 falsas evidências que têm, nos últimos anos, sido repetidas até à exaustão mas que não passam a ser verdadeiras por terem o exclusivo do tempo de antenas das televisões e propondo 22 medidas para combater a crise e relançar o crescimento.

O Manifesto é francês e recolheu muitas assinaturas de importantes economistas daquele país.

Apesar de não concordar com algumas das medidas e com parte do diagnóstico, penso que se trata de obra importante para a compreensão da situação actual de Portugal.

Não resisto a transcrever uma pequena parte do ponto relativo à “Falsa evidência número 4 – A subida espectacular das dividas públicas é resultado do excesso de despesa”:

“ ... mas sim da quebra de receitas públicas, decorrente da debilidade do crescimento economico nesse periodo e da contra-revolução fiscal que a maioria dos governos levou a cabo nos últimos vinte e cinco anos. A longo prazo, a contra-revolução fiscal alimentou continuamente a dilatação da dívida, de recessão em recessão. Em França um recente estudo parlamentar situa em 100 mil milhões, em 2010, o custo das descidas de impostos aprovadas entre 2000 e 2010 ...”

Em França, mas em Portugal a situação é semelhante foi a diminuição dos impostos, através dos multiplos beneficios fiscais que contribuiu fortemente para o enorme deficit publico. Às vezes o senso comum (“demasiada despesa”) não é a análise correcta do problema (“abdicação de receita”).

Pode ser uma base de uma discussão alargada sobre como sair da crise.


domingo, 17 de abril de 2011

A volta no parafuso


A volta no parafuso por Henry James
A fronteira entre a razão e a irracionalidade é invisivel e flutuante. Confiar pode ser uma decisão racional, mas também pode não o ser.


Em quem devemos confiar? Na narradora, jovem perceptora educada e filha de um pastor protestante? Na governanta, velha empregada analfabeta? No menino, belo e fragil que acaba de ser expulso do colégio em que o tio o matriculou? Nos indicios que temos em frente dos olhos? No autor que se retira e apenas nos lê uma carta que ele próprio considera perturbadora?


E apesar de tudas as pistas, de todas as situações descritas, das variadas provas, preferimos confiar na personagem errada e só acordar para a realidade demasiado tarde, no último parafrafo. Esse é o mérito e a arte do autor.