domingo, 14 de março de 2010

A sociedade de consumo

A Sociedade de Consumo de Jean Baudrillard

Um livro datado. Escrito numa época (1970, agora traduzido) onde alguns albergavam a miragem que a sociedade estava a entrar num época de abundância, em que as desigualdades sociais seriam mais do tipo simbólico e de status do que de rendimentos e de bem-estar. Baudrillard toma uma posição ambígua ao longo do livro. Crítica os que pensam que a era da abundância veio trazer a justiça social, mas não escapa a acreditar que a abundância está a chegar para todos. Chega a antecipar a igualdade de rendimentos “Em tais condições, importa pouco que todos os rendimentos sejam, no limite, iguais, podendo até o sistema dar-se ao luxo de avançar a passo largo nessa direcção, porque não se encontra aí a determinação fundamental da «desigualdade»". Um falhanço completo da percepção do sentido em que se encaminhava já a sociedade francesa e europeia.

Sobre o consumo propriamente dito a sua tese radica na contradição entre a necessidade crescente da diferenciação (as elites pretendem sempre distinguir-se dos demais através de um consumo que se revela não utilitário mas simbólico, sinal de status social) e as capacidades de produção assentes nos meios técnicos.


Ética, Estado e Economia

Ética, Estado e Economia de Luís de Sousa (organizador)

Em países em que a confiança entre as pessoas é reduzida, em que a participação cívica é diminuta, a pertença a associações, sindicatos, clubes é pequena o capital social à disposição dos actores sociais é baixo. Portugal é um dos países europeus em que o capital social é menor e o que mais existe é do tipo negativo.

O sociólogo norte-americano Robert Putman escreveu referindo-se à Itália, mas com algumas adaptações, o mesmo se poderia dizer de Portugal: “Sem normas de reciprocidade nem redes de participação cívica, é mais provável o resultado ... familismo amoral, clientelismo, desprezo pela lei, governo inefectivo e estagnação económica”.

Este livro analisa em profundidade a relação entre o capital social, a corrupção e o desenvolvimento económico, dum ponto de vista científico. Indispensável para quem queira perceber o atoleiro que impede a sociedade portuguesa de se aproximar dos padrões médios europeus.

domingo, 7 de março de 2010

A cidadela branca


A cidadela branca de Ohran Pamuk


Um livro sobre a identidade. O que faz de mim eu?

A minha cultura? E se me aculturar aos costumes de outro país, deixarei de ser Eu? Passarei a ser outro? Serei um estrangeiro para o meu anterior Eu?

As minhas memórias e recordações? Poderei troca-las com as de terceiros? Poderei então sonhar os seus sonhos, pensar o que pensão?

O meu corpo? Mas se ele é tão parecido com outro que todos nos confundem?