sexta-feira, 24 de novembro de 2023

O Alienista

O Alienista de Machado de Assis

 

Numa pequena cidade do interior do Brasil um médico, que hoje designaríamos como psiquiatra e na época se chamava alienista, decide testar as suas estranhas teorias sobre a loucura. O seu objetivo é o de catalogar os loucos, observar o seu comportamento e, eventualmente, curar as suas deficiências mentais. Para isso decide abrir um manicómio onde concentrar os doentes. Esta decisão vai despoletar uma série de acontecimentos relatados por Machado de Assis com uma invulgar mestria.

 

Uma reflexão sobre a loucura e a sanidade mental. O que pode constituir uma anomalia? Se a maioria é louca, a loucura passa a ser a norma e a anormalidade a sanidade/racionalidade? Deverão, então, os são ser internados e levados à loucura para desta forma os normalizar? É perigoso deixar os loucos à solta ou será ainda mais perigoso deixar os sãos em liberdade?

 

Machado de Assis (1839-1908), escritor Negro brasileiro, considerado por muitos o maior escritor de sempre em língua portuguesa. Primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Autor de obras como os romances Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e Dom Casmurro (1899), as peças de teatro como Não consultes o Médico (1896) e Lições de Botânica (1906), poesia e mesmo contos.  Uma obra vasta e diversificada.


 

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Santa-Bárbara Capista de Zeca

Santa-Bárbara Capista de Zeca por Abel Soares da Rosa

 

José Santa-Bárbara é um designer português, um artista plástico de múltiplas facetas, com obra diversificada, desde as capas de discos aos logótipos empresariais. Amigo de Zeca Afonso, Santa-Bárbara foi o autor das capas dos discos mais emblemáticos do grande cantor da resistência e da Revolução.

 

Abel Soares da Rosa, sempre atento ao detalhe, sempre concentrado nos pormenores, conta-nos aqui de forma vivida e interessante a história de cada uma destas capas, as fontes de inspiração, o processo de criação, a interação entre o capista e o cantor, dando sempre rica e valiosa informação sobre o contexto político e artístico nacional e internacional em que foram concebidas. Entendemos então a sua originalidade e o salto que representaram como corte com a tradição da capa como veículo de simples divulgação do artista através da sua fotografia impressa para um outro nível, em que a capa procura sintetizar de forma artística a obra que envelope.

 

Abel Soares da Rosa tem uma já apreciável obra sobre temas musicais, procurando sempre centrar-se em temas não explorados e que escava a fundo com raro brilhantismo e argúcia.

 

Um livro que nos transporta para o universo de Zeca Afonso e que nos desvenda aspetos pouco conhecidos da sua obra. Verdadeiramente indispensável para quem quer conhecer a obra de Zeca Afonso.


 

sábado, 11 de novembro de 2023

Terra Alta III - O Castelo do Barba-Azul


Terra Alta III – O Castelo do Barba-Azul de Javier Cercas

 

Terceiro, e espera-se que último, tomo das aventuras de Melchor o criminoso e ex-presidiário espanhol que, depois de ler Os Miseráveis de Vítor Hugo, se torna Polícia na Catalunha e que, finalmente, descobre a sua vocação de bibliotecário na Terra Alta.

 

Como em todos os livros anteriores desta trilogia, Melchor não descobre a verdade seguindo pistas, procurando indícios, interrogando suspeitos, deduzindo hipóteses, confrontando os culpados como nos policiais clássicos – de Agatha Christie, Arthur Conan Doyle, Ellery Queen, Ngaio Marsh, Sarah Caudwell, etc.. Aqui é tudo mais fácil. Do nada surge alguém que lhe conta a verdade, que confessa a autoria das patifarias ou lhe aponta os culpados. Sem dúvida, uma revolução na arte da escrita policial, uma simplificação inovadora e redutora. Não funciona de todo.

 

A ação decorre na ilha de Maiorca, a ilha mediterrânea espanhola, na localidade de Pollença perto do Cabo Formentor o ponto mais a norte da ilha. Melchor e os seus amigos enfrentam aí um perigo mortal.

 

Javier Cercas (n. 1962), escritor espanhol, ganhou notoriedade com Soldados de Salamina, mas nos últimos tempos enveredou pelo relato policial. A meu ver sem grande êxito literário.