terça-feira, 28 de junho de 2011

GENEALOGIA HERÁLDICA E CIÊNCIAS SOCIAIS

Genealogia herálidica e Ciências Sociais por Sousa Lara



Um livro desequilibrado, sem um fio condutor unificador e que erra entre vários tópicos sempre pela rama e sem profundidade. Tanto inclui uma análise da evolução da composição social em Portugal como o texto completo de uma proposta de projecto legislativo preparado pelo autor para regular a utilização dos símbolos das várias entidades oficiais.

Inclui, no entanto, algumas passagens lúcidas e bem interessantes sobre a sociedade portuguesa.






Anthem

Anthem por Ayn Rand


Um romance militante a favor do individualismo e contra o colectivismo. Um livro intelectualmente desonesto em que o colectivismo é pintado como o triunfo da mediocridade e o apagamento total da personalidade individual, bem patente no desaparecimento da palavra “Eu” e a sua substituição integral pelo vocábulo “Nós”.

Ayn Rand esquece que a sociedade mais individualista, no sentido que lhe dá, é a do camponês isolado, que levanta a sua casa com as suas próprias mãos, obtém da terra o seu sustento, e do artesanato os seus utensílios. Na sua miséria aflitiva e na sua ignorância e superstição este camponês é quase totalmente independente.

Na sociedade actual o colectivismo e a acção colectiva reinam. Para produzir um automóvel é preciso que literalmente centenas de milhares de pessoas dispersas em vários continentes se coordenem e concorram para um mesmo fim. A interdependência é total. Só colectivamente é possível produzir um automóvel, ou em maior escala um avião ou em menor um par de sapatos ou uma camisa. Com a crescente especialização e divisão do trabalho só colectivamente se pode assegurar uma vida decente. Todos dependem de todos. E no que seria paradoxal para Ayn Rand, mas que é perfeitamente lógico e expectável, é na sociedade moderna que o indivíduo mais consegue exprimir a sua individualidade e melhor pode contribuir com o seu génio e talento.

Curioso que na sociedade colectivista descrita por Rand não há crime, nem polícia, nem guerra, reinando por toda a Terra a Paz universal. E qual a principal preocupação do primeiro indivíduo que corta com essa sociedade e se instala por conta própria? Proteger-se. Arranjar armas.

Ayn Rand é um autor de culto entre as elites neo-liberais, mas a verdade é que a sua prosa escrita em estilo panfletário não tem a espessura necessária para ascender às esferas superiores da Literatura, nem esgrime os argumentos que lhe possam reservar um lugar entre os filósofos.

domingo, 26 de junho de 2011

Barings



Barings por Fernando Sobral e Paula Alexandra Cordeiro




Olhar o passado com os olhos do presente é um erro de principiante, que revela o amadorismo e a ausência de perspectiva científica adoptada pelos autores deste livro que analisa um tema que poderia revelar uma parte importante da história económica portuguesa dos séculos XIX e XX: a relação do Estado Português com a casa bancária Barings.

Para mais o texto é, em muitas passagens, confuso e impreciso o que mostra que os autores não perceberam nem o contexto, nem os objectivos das várias partes das operações que estão a descrever.

Apesar de tudo fica claro o papel incontornável do Barings a par com a concessão de monopólios (tabaco, diamantes, madeiras, fósforos) no financiamento externo de Portugal durante grande parte do século XIX.

domingo, 12 de junho de 2011

Whitman


Whitman por D. H. Lawrence

D.H. Lawrence começa com uma critica directa, violenta e repetida a Whitman por este ao querer indificar-se profundamente com os outros seres humanos acabar por diluir a sua personalidade num caldeirão indiferenciador. Em contrapartida propõe uma aproximação empática que permita perceber os outros e as suas razões mas que, em simultaneo, mantenha nitida a sepração entre o sujeito e os restantes, permitindo uma não identificação e mesmo uma crítica com as escolhas e opções feitas por terceiros.

Na segunda parte Lawrence declara a sua adesão à visão de Whitman de caminhar na “estrada larga” da vida, partilhando experiências sempre com um grande espirito de abertura, de curiosidade e de aceitação.

No fundo Lawrence diz-nos que devemos enfrentar a vida, caminhar com os nossos irmãos, compreendê-los, mas não cair no exagero de com todos nos identificarmos, dissolvendo desnecessaria e erradamente a nossa individualidade.

The Humbling



The Humbling por Philip Roth


Morrer na praia ou como a recaida é geralmente mais perigosa, dolorosa e mortal do que a doença inicial.

Um livro admiravelmente bem escrito em que a história fui sem quebras, inflexões ou pontos mortos.

A Praia




A Praia por Cesare Pavese






Começava a perceber que nada é mais inabitável do que um lugar onde já se foi feliz” (última página).

Há livros que pretendem ilustrar uma ideia, contar uma história simples que nos demonstre um conceito, nos explique uma reflexão, nos revele uma verdade.

Com uma paciência para o detalhe, com uma atenção para o aparentemente insignificante, Pavese narra-nos, na primeira pessoa, alguns episódios da relação de dois amigos e através destes a vida da classe média italiana da primeira metade do século XX, quando os carros eram ainda raros e nas aldeias se cantava às estrelas. Mas o objectivo de Pavese é claro. Demonstrar a frase com que termina o texto e que se reproduz acima.