segunda-feira, 19 de julho de 2021

Capitães da Areia

Capitães da Areia

 As aventuras e desventuras de um bando de crianças órfãs, os Capitães da Areia, abandonadas pelo Estado, perseguidas pela Polícia, ganhando o pão nosso de cada dia de pequenos roubos e aldrabices, vive num trapiche abandonado junto à praia. O seu chefe é Pedro Bala, um líder natural, um rapaz alegre, forte, esperto, ousado, que os organiza e cuida de todos.  

Um retrato da sociedade baiana, com a profusão das religiões populares, com as suas desgraças e epidemias, com a sua estratificação social, com os seus becos e avenidas, com as sua docas e toda uma fauna que se move num pulsar vivo e agitado.

Um livro comovente, que em estilo realista, nos conta o processo de crescimento destas crianças da sua adolescência até se fazerem adultos e seguirem as suas vidas, cada um procurando realizar o sonho que a vida lhe possibilita.

Jorge Amado (1912-2001) é um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. Recebeu numerosos prémios e honrarias no Brasil e em todo o mundo, nomeadamente o Prémio Estaline da Paz em 1951 e o Prémio Camões em Portugal em 1994. Por preconceito ideológico nunca recebeu o Prémio Nobel, mas, só por este livro, merecia-o.


 

terça-feira, 6 de julho de 2021

A Colina que Subimos

 

A Colina que subimos

 Um poema poderoso que nos une à Humanidade a que pertencemos todos e que alguns pretendem dividir. Um poema que inaugura uma nova esperança de justiça, reparação e reconciliação. Um poema que não esquece, nem perdoa, mas que abre caminhos comuns assentes em lições que todos devemos tirar das injustiças históricas que devem ser corrigidas.

A comunidade Negra portuguesa, como a norte-americana, sofreu ao longo dos séculos, a discriminação, a segregação, a escravização, a colonização. Mas está a acordar e a exigir os seus direitos.

E se antes perguntávamos: Como poderíamos

Vencer a catástrofe?

        Agora dizemos: Como poderia a catástrofe

Alguma vez vencer-nos?

Também fazem sentido para nós portugueses as palavras:

Não vamos marchar de regresso ao que foi

Mas dirigir-nos para o que será:

Um país ferido, mas inteiro,

Benevolente, mas ousado,

Forte e livre.

Amanda Gorman (n. 1998), poetisa Negra norte-americana, escreveu este poema para ser lido na cerimónia de tomada de posse de Joe Biden. Ela própria, com vinte e dois anos, o leu, sendo a mais jovem poetisa a fazê-lo. Sobre si o poema diz:

Nós sucessores de um país e de um tempo

Em que uma joven Negra magricela,

Descendente de escravos e criada por uma

mãe solteira,

Pode sonhar ser presidente

E, logo, ver-se a declamar para um.