Memórias de Adriano

Memórias de Adriano de Marguerite Yourcenar

 

Instalada a doença final, aproximando-se a morte, Adriano, Imperador Romano, rememora a sua vida desde a infância até às suas últimas decisões. Memórias ordenadas cronologicamente, mas em que acontecimentos secundários se tornam centrais e em que momentos decisivos, como o da sua ascensão à posição de comando, se mantêm imersos numa bruma misteriosa. Os homens e as mulheres que o marcaram, a obra de pacificação e progresso material que realizou, as revoltas que teve de enfrentar, a determinação com que agiu nas horas difíceis, a eliminação de adversários políticos que ordenou, tudo surge acompanhado de reflexões ponderadas, sem indulgência, sempre com espírito crítico mas sem arrependimentos.

 

Com o agravar da doença surge um ímpeto suicida, para que tudo acabe depressa, que é, finalmente, substituído pela paciente espera pelo momento final, numa atitude apaziguada e paciente.

 

Uma obra-prima da literatura do século XX. Um livro monumental, erudito, sempre apoiado na História embora, aqui e ali, romanceando episódios e inventando personagens, que nos obriga a pensar sobre a vida, a liberdade, o poder, o amor, a religião e a morte.

 

Marguerite Yourcenar (1903-1987), belga naturalizada norte-americana, foi a primeira mulher a entrar na Academia Francesa.  

 

Canção Doce

 

Canção Doce de Leila Slimani

 

Em 1965 Truman Capote publicou A sangue Frio um romance baseado na história de dois jovens desempregados e desenraizados que entram numa casa e assassinam uma respeitada família com o intuito de a roubar.

 

Mais de meio século volvido, a escritora franco-marroquina Leila Slimani retoma este tema, a tentativa de descrever, percebendo sem julgar, os passos fatídicos que conduzem os personagens, as vítimas e os criminosos, para o desfecho trágico.

 

Tal como em A Sangue Frio, a trama move-se em torno de um crime: o de uma ama que, inesperadamente ou talvez não, mata as duas crianças à sua guarda.

 

A vida moderna, absorvente, centrada exclusivamente na profissão, sem tempo para a família nem para os outros, e a insensibilidade de toda uma máquina administrativa que não vê pessoas mas números, concorrem, entre outros fatores, para a tragédia.

 

Em total paralelo com o livro de Truman Capote também Canção Doce foi um êxito de vendas, recebendo mesmo, em 2016, um dos mais altos galardões da Literatura Francesa, o Prémio Goncourt.

 

Leila Slimani (n. 1981), a escritora aclamada em França, reconhecida no seu país, escolheu Portugal para viver.

Princípios elementares da Propaganda de Guerra

 

Princípios elementares da Propaganda de Guerra por Anne Morelli

Um livro imprescindível para perceber a informação que nos chega sobre a Guerra na Ucrânia, para entendermos porque é que os que são a favor da Paz são diabolizados e tratados como traidores, para percebermos são fabricados os casos como o de Bucha, para percebermos o papel dos líderes da propaganda.

Um livro que nos faz pensar e que nos propõe, com exemplos históricos bem documentados, um método simples para colocarmos questões e escrutinarmos com olhar crítico as notícias que nos chegam.

Estes princípios foram desenvolvidos por um aristocrata inglês, nascido no castelo de Windsor, pacifista, Arthur Ponsoby. Foram depois sintetizados por Anne Morelli (n. 1948), historiadora belga que os resumiu a 10:

·      1.   Nós não queremos guerra. 

2.   2. O campo adversário é o único responsável da guerra.

3.   3. O inimigo tem o rosto do diabo.

4.  4. Defendemos uma causa nobre e não interesses específicos.

5.  5. O inimigo comete conscientemente atrocidades de propósito; se nós cometemos erros é involuntariamente.  

6.   6. O inimigo usa armas não autorizadas.

 S 7. Sofremos pequenas perdas, as do inimigo são enormes.

8.   8. Os artistas e intelectuais apoiam nossa causa.

9.   9. A nossa causa é sagrada.

1      10. Quem dúvida da nossa propaganda é um traidor