Jesus
Cristo bebia cerveja por Afonso Cruz
Matar o corpo para que possa viver a
ideia, eliminar o material para que lhe sobreviva o imaterial, o espiritual. Como
se a morte pudesse substituir o temporário pelo eterno, o corpo pela alma, o
real pela memória, o transitório pelo perpétuo.
Pode o velho amar o novo? Pode o novo
amar o velho sem que tal pareça contra-natura? Sem que o desenlace seja a
morte? Até que ponto uma ilusão pode funcionar como vislumbre de felicidade?
Um livro que, a espaços, nos surpreende
com imagens certeiras de tons surrealistas mas que no seu conjunto se nos
afigura ainda algo inconsistente.
Afonso Cruz surge, muito justamente,
como a maior promessa da nova Literatura portuguesa mas não foi ainda com esta
obra que se afirmou definitivamente.
Quanto à questão de saber se Jesus
Cristo bebia cerveja o certo é que no seu tempo a cerveja (bebidas obtidas da fermentação
de cereais) e o vinho estavam disponíveis na Palestina. Sabemos por
exemplo que São João Baptista se recusava a beber vinho, mas tudo indica que
Jesus o bebia o que, obviamente, não obsta a que também bebesse cerveja.