sábado, 12 de outubro de 2013

O Bruxo VÍI

O Bruxo VÍI de Nikolai Gógol

As superstições dos estudantes de teologia ucranianos misturadas com as crenças populares camponesas criam uma atmosfera alucinada em que o medo pode ser mortífero.

Para quem acredita em bruxas, monstros e fantasmas ficar uma noite sozinho de vigília, numa igreja mal iluminada, com o cadáver de uma jovem com reputação de feiticeira pode ser uma experiência traumatizante, capaz de acelerar o processo de envelhecimento e testar a fortaleza do coração.

A lei do mais forte na Rússia rural na primeira metade do século XIX é bem patente na forma como o cossaco rico obriga o jovem seminarista, contra a vontade deste e sob pena de ser chicoteado, a permanecer três noites na capela mortuária.

Fica muito claro que a Ucrânia e a Rússia partilham uma história, uma língua e tradições comuns, que nos interrogamos se não serão o mesmo país.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Pena de viver assim

Pena de Viver Assim de Luigi Pirandello

A penitência e o sofrimento impostos pela sociedade a uma mulher cujo marido a abandonou e que é obrigada, através de intensa e continuada pressão social e psicológica dirigidas pelo padre católico e pelo advogado, a aceita-lo de volta com três filhas que gerou com outra mulher.

Um retracto psicológico de fino recorte de uma mulher inteligente mas isolada que tem de enterrar os sentimentos, renunciar aos seus desejos e viver tutelada pelo cura, sufocada pelos preconceitos sociais, vigiada pelas senhoras da sociedade local, castigada pela sua própria consciência e angustiada de ter de viver assim.


Pirandello traça aqui um interessante quadro da sociedade italiana conservadora e católica.

sábado, 5 de outubro de 2013

Os Olhos de Tirésias

Os olhos de Tirésias de Cristina Drios

A história conta-se em poucas linhas. Um gigante português, descendente de franceses, nasce algures nas montanhas beirãs. Desde cedo sabe que tem o dom, maldição, de prever o futuro e de não sentir as emoções humanas. Órfão é acolhido pelo padre local que lhe dá uma instrução básica. Morto o pároco alista-se no exército e parte para França para a guerra, a primeira mundial, acabando prisioneiro e levado para uma clínica onde um médico alemão pretende estudar soldados com dotes paranormais na esperança que estes lhes revelem segredos militares do inimigo. O português acaba por se apaixonar por uma enfermeira belga de boas famílias. O amor rompe a maldição deixa de ter premonições e passa a experimentar os sentimentos comuns. As circunstâncias da guerra fazem com que os dois amantes se percam e nunca mais se encontrem. Paralelamente a esta trama, corre a da narradora que, para a escrever, faz algumas viagens à França e à Bélgica acabando por deixar o namorado português com quem vive e trocá-lo por outro mais nórdico.

Não sendo, por falta de profundidade um romance histórico, nem uma reflexão sobre o destino ou o curso do tempo a temática esvazia-se até se resumir a uma história muito simples e linear.

É a espaços bem escrita, mas também tem áreas em que o português é insuficiente.