quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Teoria das Relações Internacionais



Teoria das Relações Internacionais de Kennteh N. Waltz

Kenneth Waltz é o grande teorizador do realismo estrutural a escola dominante nas relações internacionais. A tese que defende neste livro é que a atuação dos Estados é fortemente condicionada pela estrutura da estrutura em que se movem. A estrutura da arena internacional é determinada pelo peso relativo dos estados.

Na altura que escreveu, no final dos anos 70, existiam duas superpotências: os Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e Waltz descreveu a estrutura internacional como sendo bipolar, uma estrutura segundo ele muito estável e pacífica, pouco propícia a um confronto directo entre os dois rivais.

Essa estabilidade advinha essencialmente de as duas super potências terem arsenais nucleares capazes da autodestruição mútua, mas acima de tudo pela sua muito baixa interdependência, que face uma à outra quer cada uma delas face ao resto do mundo.

Quando hoje tanto se fala em globalização e interdependência é importante ler as palavras sensatas de Waltz que nos diz, com estatísticas e com exemplos bem concretos, que os Estados Unidos não são interdependentes de ninguém já que “A interdependência é uma relação entre iguais” e que duas nações são “interdependentes se os custos de quebrar as suas relações ou de reduzir as suas trocas forem quase os mesmos para cada uma delas”. Se os custos forem muito grandes para um lado e reduzidos para o outro não há interdependência mas sim, defende, dependência – algo muito diferente.

No passado existiam mais grandes potências e muito interdependentes umas das outras, o resultado é a instabilidade e a guerra. No entanto  a interdependência tende a diminuir à medida que o número de grandes potências diminui”, diminuindo também o risco de guerra.

Um livro imprescindível para quem queira estudar relações internacionais.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A Amiga Genial



A Amiga Genial de Elena Ferrante

O que é a Amizade? Como nasce, cresce e se consolida ao longo dos anos? Como escolhemos os amigos, como nos aproximamos deles e como nos afastamos?

Este livro é um tratado sobre a amizade, como sentimento nobre que une duas pessoas num vínculo forte e duradoiro.

A amizade é inspiradora, leva-nos a descobrir e a fazer coisas que não ousaríamos fazer, é competitiva, cada um querendo mostrar o seu melhor ao outro, é protectora mesmo nas situações mais graves e é acima de tudo partilha de vida e de experiências.

A amizade orienta, ensina, protege, apoia, desafia, insufla coragem, junta forças, congrega vontades.

Um romance escrito como a autora nos comenta a carta que recebeu nas féria de Lila, a personagem central, “através de frases tão bem construídas, e sem um erro, apesar dela não ter estudado mais, mas – além disso não deixava qualquer sinal de falta de naturalidade, não se sentia o artificio da palavra escrita. Eu lia, e ao mesmo tempo via-a e ouvia-a. A sua voz era como um fluxo que me arrebatava e me fascinava como quando conversávamos uma com a outra, no entanto estava perfeitamente depurada das escórias da linguagem coloquial, da confusão do discurso oral…”.

Uma história comovente de duas crianças que se encontram na escola primária e vão crescendo juntas num bairro pobre de Nápoles, onde se fala um dialeto local e se aprende na escola o italiano.

Um justo sucesso literário. A não perder.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Sete Breves Lições de Física

Sete Breves Lições de Física por Carlo Rovelli



Carlo Rovelli o grande físico italiano proponente, em conjunto com Lee Smolin e Abhay Ashtekar, da teoria da gravidade quântica enlaçada revela neste livro uma notável capacidade de síntese, de muito dizer em poucas, mas significativas, palavras e de nos emocionar e empolgar.

A primeira lição é sobre Einstein e a teoria da relatividade que descreve da seguinte forma ”E eis que surge a ideia extraordinária, o puro génio: o campo gravitacional não está difundido pelo espaço: o campo gravitacional é o espaço. É esta a ideia da teoria da relatividade geral”.

Daqui resulta que o espaço é “Uma entidade que ondula, que se dobra, que se curva, que se torce” e que “O Sol dobra o espaço à sua volta e a Terra não gira à sua volta por ser puxada por uma força misteriosa, mas porque está a deslizar a direito num espaço que se inclina. Como uma bolinha a rodar num funil”.

A segunda lição é sobre a mecânica quântica que traz a estatística para o coração da física e se ergue como visão alternativa à da teoria da relatividade.

A terceira lição é sobre a arquitetura do cosmos, uma viagem pela imagética científica de como o ser humano vê o universo em que habita, primeiro apenas como a terra e o céu, depois a terra rodeada de céu, seguida da terra no centro e o sol, as estrelas e os planetas a rodar em seu torno, mais tarde o sol substituindo a terra no centro do universo e hoje sabemos que o sistema solar é apenas um de uma galáxia perdida entre milhões de outras galáxias. Uma frase “O universo nasce como uma pequena bola e depois explode até às suas atuais dimensões cósmicas.

A quarta lição é sobre as partículas que compõem tudo o que existe, os neutrões, os protões, os gluões e outros que tais.
A quinta é sobre os grãos do espaço e sobre como conciliar, ou ultrapassar as duas teorias rivais que propõem visões diferentes sobre o espaço e o tempo. É aqui que entra a contribuição de Carlo Rovelli e a sua teoria da gravidade quântica enlaçada (loops) “A previsão central da teoria dos loops é, portanto que o espaço não seja continuo, não seja divisível até ao infinito, mas seja formado por grãos, ou seja por “átomos de espaço”. Esses átomos são minusculíssimos”.

A sexta lição é sobre o tempo e a termodinâmica. Uma constatação “A diferença entre passado e futuro só existe quando há calor” e o calor vai das coisas quentes para a frias.

A última lição, a mais poética, é sobre o ser humano. Uma previsão “Julgo que a nossa espécie não durará muito tempo. Não parece ter o estofo das tartarugas, que continuaram a existir semelhantes a si mesmas ao longo de centenas de milhões de anos, centenas de vezes mais do que a nossa existência. Pertencemos a um género de vida breve. Os nossos primos se extinguiram todos. E nós causamos estragos”.


Um livro admirável que nos faz querer saber mais sobre o universo, sobre nós, sobre o mundo que nos rodeia. A frase final “Aqui, na margem daquilo que sabemos, em contacto com o oceano do que não sabemos, brilham o mistério do mundo, a beleza do mundo, que nos deixam sem respiração”. Mesmo para nós que estamos muito longe dessa fronteira.