Brida

Brida por Paulo Coelho

 

Um romance sobre o crescimento espiritual de uma jovem mulher até ao momento em que se encontra pronta para a cerimónia de iniciação como feiticeira.

 

Brida tem de escolher entre a Tradição da Lua e a Tradição do Sol dois caminhos para a sabedoria e a elevação espiritual. Estas vias lembram a dicotomia entre Caminho da Mão Esquerda e o Caminho da Mão Direita das filosofias esotéricas ocidentais. Na sua juventude Paulo Coelho praticou o Caminho da Mão Esquerda. 

 

Várias escolas do ocultismo, do espiritismo, da magia, da reencarnação e do sobrenatural, aqui concatenadas, misturadas e apuradas para sustentar um enredo simples e direto. Quase pressentimos que o autor está mais interessado em divulgar as suas teorias espirituais do que em contar a história de Brida, tal é a linearidade e superficialidade da personagem, tão estereotipados são os outros intervenientes. O livro oscila assim entre a ficção literária e a divulgação de teorias espirituais, sem se decidir por qual delas optar.

 

Paulo Coelho (n.1947), brasileiro, é um dos escritores mais aclamados e vendidos no mundo. O seu livro principal O Alquimista vendeu mais de 150 milhões de cópias. Venceu numerosos prémios literários.

 

Trilogia

 

Trilogia por Jon Fosse

 

Uma saga familiar triste e sofrida, contada em três andamentos, em três tempos. Um primeiro tempo em que o amor espontâneo, juvenil, nobre desponta e floresce ao som do violino mas cedo se vê encurralado, sem escolha, enfrentando a rejeição e a impiedade, empurrando-o para a miséria e o crime. Num segundo momento, dramaticamente desfeita a relação, a entrada na idade adulta, marcada por uma relação de conveniência e necessidade, sem chama nem história, o terceiro e último capítulo coloca um ponto final no tema, mostrando o beco em que essas vida se enclausuram e a impossível via para a libertação.

 

Num estilo a que poderíamos chamar de minimalismo repetitivo, o relato avança lentamente através de retornos constantes, mas que a cada regresso iluminam um novo pormenor, esclarecem uma dada atitude. Um estilo muito eficaz para, de forma simples, ir ao âmago dos sentimentos, ir ao fundo da alma dos personagens.

 

Jon Fosse (1959-), escritor norueguês, nascido em Haugesund, ganhou destaque como dramaturgo, contudo os seus romances e novelas são igualmente obras de grande mérito literário. Ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 2023.

O Lírio Branco

 

O Lírio Branco

 

Depois da morte dos seus criadores iniciais, René Goscinny e Albert Uderzo, as aventuras de Astérix e do seu inseparável amigo Obélix têm continuado a ser editadas em catadupa mas agora assinadas por outros.  O último desta segunda série, o Lírio Branco, é da coautoria de Fabcaro, argumentista, e Didier Conrad desenhador.

 

Nesta aventura regressa-se ao tom de crítica social jocosa e bem-humorada e de adaptação retrospetiva do mundo moderno ao tempo da resistência gaulesa à invasão romana. O alvo de reprovação é a praga / moda do pensamento positivo e da vida saudável tão em voga na sociedade francesa atual. Palavreadus, um romano exímio nessa técnica, pretende amolecer os gauleses e levá-los a ceder ao poderio romano. Poderá ter êxito onde a força bruta falhou?

 

Deliciosos alguns pormenores como os que nos apresentam a nova cozinha francesa, o TGV e até o museu de arte contemporânea.

 

Péssima é a política de mudança dos nomes dos personagens, nomeadamente do chefe da aldeia Abraracourcix que agora dá por Matasétix ou do bardo designado Cacofonix quando antes era Assurancetourix. Não se percebe qual a intenção destas alterações sem sentido.