domingo, 18 de setembro de 2011

Ema


Ema por Jane Austen


Uma rapariga rica, no campo da aristocrática Inglaterra na época georgiana. Uma sociedade rigidamente hierarquizada, em que os casamento se processam no interior de cada estrato social por mais laminar que este seja.

Bem intencionada, mas insensata Ema pretende fazer de casamenteira, incentivando e aproximado possíveis pares mas os matrimónios finais não serão os que ingenuamente imagina e planeia.

Uma comédia de maneiras e enganos que na pena de Jane Austen é simultaneamente uma elegante e suave análise psicológica das personagem e sociologica do meio em que se movem.

domingo, 11 de setembro de 2011

A Morte

A Morte por Maria Filomena Mónica


Uma defesa pouco alicerçada da eutanásia ou morte assistida. O estilo de Maria Filomena Mónica (MFM) é sempre fluído, claro e agradável mesmo quando fala de temas difíceis, o que faz com frontalidade e elevação. No entanto existem muitas questões fulcrais que ficam sem resposta, e os argumentos a favor restringem-se ao encurtar um sofrimento prolongado e à manutenção da dignidade do indivíduo que seria posta em causa pela demência associada à velhice.

No caso da demência MFM vai ao ponto de defender que poderiam ser terceiros (médicos, família ou magistrados) a decidir pelo indivíduo, visto este estar num estado que lhe não permite pensar por si próprio. Não encontro diferenças substanciais entre esta situação e a repugnante eutanásia activa praticada sobre doentes mentais pelo regime nazi. Ambas declaram que seres humanos com deficiência mental não são dignos de viver e consequentemente, e para seu bem, devem ser mortos. Não se trata a meu ver de suicídio assistido mas de assassinato puro e duro.

Por outro lado se o sofrimento é grande podem e devem encontrar-se formas de o eliminar ou reduzir, mas nunca encurtar a vida do doente, nem mesmo a seu pedido.

Existem situações limite, pessoas em vida vegetativas ligadas a máquinas durante anos, que merecem reflexão cuidada. Por vezes indivíduos em coma profundo por vários anos acordam e retomam a sua vida normal. Na maioria das vezes, infelizmente, isso não acontece e a morte sobrevém. Não existem ainda meios de saber antecipadamente quem tem hipóteses de recuperar e quem não têm. A fraca percentagem de recuperação justifica a negação do tratamento? Não será a tentativa de tratamento mesmo em casos desesperados que leva à descoberta de remédios eficientes? Veja-se o caso da SIDA que começou como doença fulminante e hoje é uma doença crónica. Se os doentes em vez de tratados fossem abandonados nunca se teriam dado passos em direcção à cura.

Pelo meu lado tendo a pensar que enquanto há vida há esperança e a ser contra a eutanásia, principalmente aquela que é decidida por terceiros.

Num ponto estou totalmente de acordo com MFM: a ausência de debate em Portugal é preocupante e indicia que, sem regras e princípios claros, sem órgãos de fiscalização, sem sanções explícitas e aplicadas, cada profissional de saúde decidirá por si e, consequentemente, existirão múltiplas práticas nos hospitais incluindo a da eutanásia sem que ninguém verdadeiramente se importe. O indivíduo fica assim à mercê do arbítrio total, o que é, claramente, a pior situação possível em caso de vida ou morte em que a pessoa está normalmente vulnerável e em situação de dependência.