domingo, 11 de setembro de 2011

A Morte

A Morte por Maria Filomena Mónica


Uma defesa pouco alicerçada da eutanásia ou morte assistida. O estilo de Maria Filomena Mónica (MFM) é sempre fluído, claro e agradável mesmo quando fala de temas difíceis, o que faz com frontalidade e elevação. No entanto existem muitas questões fulcrais que ficam sem resposta, e os argumentos a favor restringem-se ao encurtar um sofrimento prolongado e à manutenção da dignidade do indivíduo que seria posta em causa pela demência associada à velhice.

No caso da demência MFM vai ao ponto de defender que poderiam ser terceiros (médicos, família ou magistrados) a decidir pelo indivíduo, visto este estar num estado que lhe não permite pensar por si próprio. Não encontro diferenças substanciais entre esta situação e a repugnante eutanásia activa praticada sobre doentes mentais pelo regime nazi. Ambas declaram que seres humanos com deficiência mental não são dignos de viver e consequentemente, e para seu bem, devem ser mortos. Não se trata a meu ver de suicídio assistido mas de assassinato puro e duro.

Por outro lado se o sofrimento é grande podem e devem encontrar-se formas de o eliminar ou reduzir, mas nunca encurtar a vida do doente, nem mesmo a seu pedido.

Existem situações limite, pessoas em vida vegetativas ligadas a máquinas durante anos, que merecem reflexão cuidada. Por vezes indivíduos em coma profundo por vários anos acordam e retomam a sua vida normal. Na maioria das vezes, infelizmente, isso não acontece e a morte sobrevém. Não existem ainda meios de saber antecipadamente quem tem hipóteses de recuperar e quem não têm. A fraca percentagem de recuperação justifica a negação do tratamento? Não será a tentativa de tratamento mesmo em casos desesperados que leva à descoberta de remédios eficientes? Veja-se o caso da SIDA que começou como doença fulminante e hoje é uma doença crónica. Se os doentes em vez de tratados fossem abandonados nunca se teriam dado passos em direcção à cura.

Pelo meu lado tendo a pensar que enquanto há vida há esperança e a ser contra a eutanásia, principalmente aquela que é decidida por terceiros.

Num ponto estou totalmente de acordo com MFM: a ausência de debate em Portugal é preocupante e indicia que, sem regras e princípios claros, sem órgãos de fiscalização, sem sanções explícitas e aplicadas, cada profissional de saúde decidirá por si e, consequentemente, existirão múltiplas práticas nos hospitais incluindo a da eutanásia sem que ninguém verdadeiramente se importe. O indivíduo fica assim à mercê do arbítrio total, o que é, claramente, a pior situação possível em caso de vida ou morte em que a pessoa está normalmente vulnerável e em situação de dependência.

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