sábado, 27 de junho de 2015

Portugal: os Números

Portugal: os Números de Maria João Valente Rosa 

e Paulo Chitas




Um ensaio que nos relata em números a evolução de vários indicadores sociais portugueses, nomeadamente, demográficos, de rendimentos, de trabalho, de protecção social, de saúde e de justiça. É assim um trabalho que condensa em poucas páginas um conjunto de estatísticas importantes para compreender a sociedade portuguesa e o seu percurso nos últimos 50 anos, i.e., desde a década de 60 do século XX até à actualidade.

No entanto, à semelhança de tantos outros trabalhos deste tipo, os autores deslumbram-se pelas taxas de crescimento de alguns indicadores e esquecem-se que Portugal não está só no mundo e que é comparando com a evolução dos nossos parceiros, de outros países, principalmente de outras nações que partiram de situação semelhante, que é possível concluir se o balanço foi positivo, se houve efectivo progresso, e não apenas o simples passar do tempo com as inevitáveis alterações que acarreta.


 Assim o balanço que os autores fazem é, infelizmente, feito sem bases comparativas correctas e, desta forma, completamente subjectivo.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

A Classe Média - Ascensão e Declínio



A Classe Média por Elísio Estanque



Um ensaio sobre a classe média, um conceito controverso e sobre a sua emergência na sociedade portuguesa, na sequência da terciarização da economia e consequente desindustrialização do país e abandono da agricultura, e do seu declínio.

Um livro que não segue um rumo certo com o autor a assumir quer uma crítica do conceito (“Trata-se não de uma classe em sentido rigoroso, mas tão só de uma mancha, algo nebulosa e internamente diversificada que se situa entre a elite e o povo”) quer uma assumpção do conceito continuando a elaborar sobre algo que afirma não estar certo sem que proponha solução alternativa.

 Em Portugal a dita classe média, que poderia ser melhor descrita como média burguesia de serviços, desenvolveu-se em torno do Estado e quando este declina definha com ele.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Primeiro Amor

Primeiro Amor por Ivan Turgueniev

Este livro reúne um conjunto de três pequenos contos de Ivan Turgueniev sobre o tema do primeiro amor.

O jovem adolescente apaixonado pela bela e aristocrática vizinha do lado que se vê ultrapassado por um concorrente surpreendente, a jovem que se mata por amor quando o seu namorado se entrega ao vício e se perde para o casamento, o estalajadeiro que tudo perde por causa de um casamento, todos mostram com o seu exemplo o sofrimento, a ansiedade, os ciúmes, a terrível instabilidade em que vive aquele que se apaixona pela primeira vez.

A sociedade czarista do século XIX, rural, fortemente estratificada, com uma aristocracia fundiária absentista mergulhada no luxo, com os seus camponeses servos vivendo na pobreza, em que as fortunas de mediam pelo número de almas, surge aqui vista de forma desapaixonada, neutra e distante.

O célebre autor de Pais e Filhos apresenta nestes contos uma visão mais realista e menos moralista e ideológica da sociedade russa do que naquele romance.
 

terça-feira, 23 de junho de 2015

Forçasa Armadas em Portugal


Forças Armadas em Portugal de J. Loureiro dos Santos

O General Loureiro dos Santos traça aqui um retrato agridoce das forças armadas portuguesas, constatando por uma lado que são exíguas (ao todo cerca de 40 mil efectivos, distribuídos pelos três ramos) e mal armadas (“armamentos de que as FFAA dispunham, na sua maioria datados das décadas de 1960 e 1970” , “o Exercito ainda se encontra armado com as mesmas espingardas com que os avós  dos actuais soldados combateram em África… continua sem dispor de helicópteros … nem tem no seu arsenal meios antiaéreos mínimos para garantir segurança aérea de baixa altitude”) mas que por outro têm muito prestigio internacional. Apetece perguntar que prestigio podem ter umas forças armadas diminutas e sem material adequado? E que quando participa em missões externas o faz sob comando de terceiros?

A verdade porém é que, como acaba por admitir, a dimensão das nossas forças armadas é de dimensão semelhante às da Bélgica ou da Holanda, sendo até que em percentagem do PIB Portugal gasta mais na Defesa do que esses países muito mais ricos do que o nosso país. Mas ao contrário desses países a despesa militar é quase toda canalizada para salários enquanto nesses países é maioritariamente para equipamento.

Os gastos absurdos com participações em missões no estrangeiro (em 2010 Portugal participava com forças nos seguintes teatros de operações: Bósnia, Congo, Kosovo, Afeganistão, Líbano, Timor, Etiópia, Somália, Guiné-Bissau, Uganda, Mediterrâneo e Índico). Doze intervenções externas! Com que vantagens para o nosso país? Não fica claro.

terça-feira, 16 de junho de 2015

O Preguiçoso


 O Preguiçoso de Samuel Johnson  

O Preguiçoso era o nome de uma coluna publicada no semanário Universal Chronicle, um jornal comprado quase exclusivamente para leitura destes textos e que desapareceu quando Samuel Johnson os deixou de escrever.

Das 103 crónicas que Johnson assinou este livro oferece-nos apenas um pequeno conjunto de vinte e uma (21). Como foi feita a selecção, sobre os critérios que foram usados para incluir ou excluir os artigos desta colectânea nada é dito apesar das duas introduções com que se inicia o livro – uma sobre a extraordinária vida de Samuel Johnson e outra sobre o seu papel como fundador da crítica moderna.

As crónicas apresentadas são de fina observação do comportamento humano e de bem-humorada crítica social e de costumes da sociedade inglesa do século XVIII.

A preguiça, sob as suas diversas formas, é um dos temas mais analisados, rejeitando Johnson toda a justificação deste defeito. Escreve “considerando que todos os esforços reunidos não são capazes de precaver a miséria, que ninguém tem o direito de ser inútil e entregar-se a uma filosofia ociosa ou a prazeres solitários”.