domingo, 4 de dezembro de 2016

Estudos para a História de Macau - Séculos XVI a XVIII




Estudos para a História de Macau -1º Tomo de Charles Ralph Boxer

O inglês Charles Ralph Boxer foi um dos grandes historiadores que se debruçou sobre a presença portuguesa no extremo oriente, nomeadamente em Macau. A ele se devem numerosos estudos, artigos e livros sobre Portugal no mundo, incluindo a obra O Império Marítimo Português (The Portuguese Seaborne Empire), publicada em 1969 e desde então uma referência incontornável para todos os que querem estudar a expansão naval e comercial portuguesa.

Neste primeiro tomo de Estudos para a História de Macau encontramos quatro temas independentes: i) a defesa de Macau face a uma invasão holandesa em 1622; ii) o apoio prestado por Macau aos Ming na resistência ao ataque Manchu; iii) diversos estudos sobre as relações entre portugueses e chineses nos séculos XVII e XVIII; e por último iv) uma identificação nominal dos Capitães Gerais e Governadores de Macau deste o século XVI até finais do século XVIII.

Em 1622 depois de bem planeada os holandeses deslocam uma frota considerável para desalojar os portugueses e ocupar Macau com o intuito de obter para si o controlo do relevante comércio que então se fazia entre Cantão-Macau e o Japão. Nesta tentativa foram ajudados pelos ingleses que colaboraram no bloqueio do Porto que antecedeu o desembarque das tropas holandesas. Estas em número muito superior ao dos defensores obteve uma primeira vitória conseguindo ganhar terra na praia de Cacilhas, mas ao tentar ocupar o cimo de um monte fronteiro ao povoado, foi confrontada com um contra-ataque fulminante que dizimou importante parte das suas forças e pôs em fuga as restantes. O Almirante holandês, face à extensão das perdas sofridas, não teve alternativas senão retirar.

Quando os manchus, invadiram a China, governada então pela dinastia Ming, os portugueses procuraram ajudar os chineses a resistir ao invasor fornecendo artilharia e respetivo pessoal e mais tarde mesmo alguns contingentes de homens. No entanto os Ming não souberam tirar partido das armas oferecidas nem equipar-se mais extensamente pelo que acabaram vencidos e Pequim ocupada em 1644.

Os Ming ainda se mantiveram no Sul da China, com algum apoio português em armas e soldados, procurando os missionários cristianizar os dirigentes chineses prometendo-lhes apoios europeus. E se bem que alguns membros importantes da Casa Real se tenham convertido ao catolicismo, a Igreja foi incapaz de mobilizar forças europeias para os ajudar, tendo acabado derrotados e mortos em 1662.

Com a saída de cena dos Ming a China passou a ser dirigida pela dinastia manchu, Qing, que governou ate 1911, ano em que a monarquia foi substituída pela Republica.

A identificação dos Capitães de Macau é verdadeiramente um trabalho fabuloso já que até aí não se conhecia com exatidão a sequência dos mandatos, os nomes de todos os titulares e as datas do exercício do poder de cada um deles.

Em cada capítulo para além da súmula escrita por Charles Ralph Boxer alinham-se muitos documentos da época que suportam a narrativa produzida.

Um livro indispensável para os que se interessam pela história portuguesa e da cidade de Macau.



Charles Ralph Boxer que morreu aos 94 anos em Abril do ano 2000 era Doutorado honoris causa pela Universidade de Lisboa, 1952, e Cavaleiro de Santiago de Espada

Sem comentários:

Enviar um comentário