Estudos para a História de Macau -1º
Tomo de Charles Ralph Boxer
O inglês Charles Ralph Boxer foi um dos
grandes historiadores que se debruçou sobre a presença portuguesa no extremo
oriente, nomeadamente em Macau. A ele se devem numerosos estudos, artigos e
livros sobre Portugal no mundo, incluindo a obra O Império Marítimo Português (The
Portuguese Seaborne Empire), publicada em 1969 e desde então uma referência
incontornável para todos os que querem estudar a expansão naval e comercial
portuguesa.
Neste primeiro tomo de Estudos para a
História de Macau encontramos quatro temas independentes: i) a defesa de Macau face
a uma invasão holandesa em 1622; ii) o apoio prestado por Macau aos Ming na resistência
ao ataque Manchu; iii) diversos estudos sobre as relações entre portugueses e
chineses nos séculos XVII e XVIII; e por último iv) uma identificação nominal
dos Capitães Gerais e Governadores de Macau deste o século XVI até finais do
século XVIII.
Em 1622 depois de bem planeada os holandeses
deslocam uma frota considerável para desalojar os portugueses e ocupar Macau
com o intuito de obter para si o controlo do relevante comércio que então se
fazia entre Cantão-Macau e o Japão. Nesta tentativa foram ajudados pelos
ingleses que colaboraram no bloqueio do Porto que antecedeu o desembarque das
tropas holandesas. Estas em número muito superior ao dos defensores obteve uma
primeira vitória conseguindo ganhar terra na praia de Cacilhas, mas ao tentar ocupar
o cimo de um monte fronteiro ao povoado, foi confrontada com um contra-ataque
fulminante que dizimou importante parte das suas forças e pôs em fuga as
restantes. O Almirante holandês, face à extensão das perdas sofridas, não teve
alternativas senão retirar.
Quando os manchus, invadiram a China, governada
então pela dinastia Ming, os portugueses procuraram ajudar os chineses a resistir
ao invasor fornecendo artilharia e respetivo pessoal e mais tarde mesmo alguns
contingentes de homens. No entanto os Ming não souberam tirar partido das armas
oferecidas nem equipar-se mais extensamente pelo que acabaram vencidos e Pequim
ocupada em 1644.
Os Ming ainda se mantiveram no Sul da China,
com algum apoio português em armas e soldados, procurando os missionários
cristianizar os dirigentes chineses prometendo-lhes apoios europeus. E se bem
que alguns membros importantes da Casa Real se tenham convertido ao
catolicismo, a Igreja foi incapaz de mobilizar forças europeias para os ajudar,
tendo acabado derrotados e mortos em 1662.
Com a saída de cena dos Ming a China passou a
ser dirigida pela dinastia manchu, Qing, que governou ate 1911, ano em que a
monarquia foi substituída pela Republica.
A identificação dos Capitães de Macau é
verdadeiramente um trabalho fabuloso já que até aí não se conhecia com exatidão
a sequência dos mandatos, os nomes de todos os titulares e as datas do exercício
do poder de cada um deles.
Em cada capítulo para além da súmula escrita
por Charles Ralph Boxer alinham-se muitos documentos da época que suportam a
narrativa produzida.
Um livro indispensável para os que se
interessam pela história portuguesa e da cidade de Macau.
Charles Ralph Boxer que morreu aos 94 anos em
Abril do ano 2000 era Doutorado honoris causa pela Universidade de Lisboa,
1952, e Cavaleiro de Santiago de Espada
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