sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Não há horas para nada

Não há horas para nada por Helena Vasconcelos

Histórias de mulheres contadas por uma escritora talentosa. Desenhos psicológicos de extraordinário recorte, pormenor e profundidade. Os sentimentos, os desejos e as estratégias de uma colecção de individualidades femininas nas suas diferentes relações com o mundo e com os homens.

Este livro ganhou merecidamente um prémio literário atribuído por um júri constituído, entre outros, por Eduardo Prado Coelho e Vasco Graça Moura. 

O Fantasma de uma oportunidade

O Fantasma de uma Oportunidade por William S. Burroughs

Um pedaço de terra arrancado a um continente, uma ilha em que a vida seguiu uma evolução independente e as várias espécies de lémures se tornaram omnipresentes. Madagáscar onde um pirata lendário criou uma comunidade democrática em harmonia com a natureza e em que era proibido matar o lémure. Destruída a utopia, exterminados membros da família da cauda anelada, os agentes dos Poderosos destruíram o Museu das Espécies Perdidas e libertaram as Doenças Extintas.

Uma metáfora ecologia. Uma premonição do Apocalipse. Um manifesto contra a perda da inocência e a consciência do tempo. Mas o que choca é o alinhamento de Burroughs com as teses do despovoamento do planeta e a sua preferência pelo irracional relativamente ao racional. Ideias perigosas aliadas a atraentes sonhos sobre a harmonia das espécies no seio da Mãe Natureza.

Uma linguagem cativante, clara e objectiva mesmo quando descrevendo as mais imaginativas e delirantes doenças, quimeras ou situações.
 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Pais e Filhos

Pais e Filhos por Ivan Turguéniev


A eterna guerra de gerações aqui ampliada e dramatizada pela distância social, ideológica e política dos principais protagonistas. O jovem Bazarov define-se como niilista, um termo que neste livro não tem o sentido que hoje lhe conferimos mas sim algo entre o materialismo, o anarquismo e o livre pensamento. De facto Bazarov afirma não reconhecer nenhuma autoridade nem nenhum principio sem o estudar, analisar e escrutinar a uma luz neutra e crítica. Do outro lado temos Pavel um homem de meia idade de pensamento conservador e tendências aristocráticas. O duelo entre os dois culmina uma animosidade e uma desconfiança a que a ideologia e a paixão não estão alheias.

Turguéniev não se contenta em ser um espectador desta contenda, tomando claramente o partido da geração mais velha e com o decorrer do enredo vemos um dos jovens converter-se às ideias tradicionais e transformar-se num chefe de família e administrador da propriedade do seu pai e o outro, Bazarov, morrer vitima de um amor socialmente impossível e do seu labor científico. As novas ideias assim marcadas como um devaneio estudantil sem lugar no mundo real dos adultos da Rússia, czarista, tradicional e ainda quase medieval em que os servos recentemente libertados viviam ainda sob o jugo dos grandes terra-tenentes.

Livro que é considerado o primeiro romance moderno russo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Assim nasceu Portugal - Os Reis da Reconquista Portuguesa

Assim nasceu Portugal - Os Reis da Reconquista Portuguesa de Stephen Lay

Portugal antes de Dom Afonso Henriques se desvincular do Reino de Leão, já tinha sido independente quando após a morte de Fernando Rei de Leão e Castela em 1065  e o seu reino foi dividido entre os seus filhos: Sancho II que herdou Castela, Afonso VI ficou com Leão e Garcia I ficou com o Reino da Galiza-Portugal. Seguiu-se uma guerra fratricida em que Garcia acabou feito prisioneiro do seu irmão Afonso. O seu curto reinado de 1065 a 1072 marca a primeira ascensão à independência do nosso país.

Os cinco primeiros Reis de Portugal conduziram  uma guerra de conquista lenta mas inexorável que os levou ao domínio da faixa litoral ocidental da Península Ibérica com excepção de uma pequena parte da costa Norte. Dos escassos 800 Kms que Portugal tem de comprimento parte já se integrava no condado Portucalense, pelo que a conquista até o Algarve que demorou mais de 120 anos (desde que Afonso Henriques se assumiu o condado até que no reinado de Afonso III o Algarve passou na totalidade para o seu controlo), se fez a um ritmo de menos de 5 Km por ano.  Na verdade a conquista fez-se de avanços e recuos com muitas localidades a mudar de mãos várias vezes antes.
O papel da Igreja, das ordens religiosas francesas, dos nobres e cruzados estrangeiros e das alianças matrimoniais da casa real na fundação do nosso país tudo é descrito e analisado com seriedade e num estilo que desperta o interesse. Lamentavelmente falta nesta História um elemento importante sem o qual nada parece fazer sentido. O povo português.