Pais e Filhos por Ivan Turguéniev
A eterna guerra de gerações aqui
ampliada e dramatizada pela distância social, ideológica e política dos
principais protagonistas. O jovem Bazarov define-se como niilista, um termo que
neste livro não tem o sentido que hoje lhe conferimos mas sim algo entre o
materialismo, o anarquismo e o livre pensamento. De facto Bazarov afirma não
reconhecer nenhuma autoridade nem nenhum principio sem o estudar, analisar e escrutinar
a uma luz neutra e crítica. Do outro lado temos Pavel um homem de meia idade de
pensamento conservador e tendências aristocráticas. O duelo entre os dois
culmina uma animosidade e uma desconfiança a que a ideologia e a paixão não
estão alheias.
Turguéniev não se contenta em ser
um espectador desta contenda, tomando claramente o partido da geração mais velha
e com o decorrer do enredo vemos um dos jovens converter-se às ideias
tradicionais e transformar-se num chefe de família e administrador da
propriedade do seu pai e o outro, Bazarov, morrer vitima de um amor socialmente
impossível e do seu labor científico. As novas ideias assim marcadas como um
devaneio estudantil sem lugar no mundo real dos adultos da Rússia, czarista, tradicional
e ainda quase medieval em que os servos recentemente libertados viviam ainda
sob o jugo dos grandes terra-tenentes.
Livro que é considerado o
primeiro romance moderno russo.
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