O Sonho mais doce por Doris Lessing
Um longo e, por vezes, fastidioso
panfleto anti-comunista destruidor de toda a esperança.
Doris Lessing vem dizer-nos que nem
o comunismo que procura salvar a Humanidade mas negligência o ser humano
concreto e próximo, nem o catolicismo que tenta ajudar a pessoa singular sem se
preocupar com a forma como a sociedade de organiza conseguem melhorar a vida de
quem quer que seja. Pelo contrário ao anunciar uma falsa esperança, promessa
que não poderão cumprir, acrescentam mais uma dor na longa lista de sofrimentos
dos povos: a desilusão.
Vendo que a sociedade actual gera
a pobreza, a miséria, que abandona milhares de pessoas à fome, ao frio, à
doença e as condena à morte, Doris não vê qualquer saída que não seja deixar
tudo na mesma. Sempre foi assim, defende, os poderosos apropriam-se dos
recursos e os fracos sofrem. Nada a fazer.
As personagens deste livro
surgem-nos como meras caricaturas, meros estereótipos sem profundidade humana,
simples representantes da ideia que a autora faz do que os faz representar.
Johnny é um mentiroso, preguiçoso, um indivíduo que não paga a pensão de
alimentos dos filhos, que não liga às sucessivas mulheres com que vive. Johnny
representa neste romance o comunismo. Sílvia é uma mulher frígida, anoréctica, sem
ambições pessoais, mas muito trabalhadora e dedicada aos outros. Sílvia
representa o catolicismo. Tenta criar um hospital numa aldeia africana, mas
nada consegue, muitos morrem e a aldeia desaparece. Quem reconhece o comunismo
ou o catolicismo nestes personagens? Eu não com toda a certeza.
No fundo discordo da mensagem negativa
da autora. Creio que é possível mudar o mundo para melhor e que é sempre preferível
ter uma esperança, mesmo que esta não se concretize imediatamente e na
totalidade, do que não ter qualquer esperança.